Uma chave é um objecto que acciona uma fechadura. É esse o seu significado genérico em todos os dicionários que se podem consultar. Mas a palavra ‘chave’ significa outras diversas coisas, entre elas ser aquilo que desempenha um papel principal, de que tudo depende: a chave de um problema.

Se a uma chave se lhe colocar a questão estrutural de um problema especifico, a questão Humana da gravidade e tentar edificar uma construção que seja perene e duradoura, temos a chave como a chave de abóbada, a pedra que, colocada no ponto central e superior de um arco ou de qualquer obra de alvenaria, mantém as outras pedras na posição conveniente.

Ou seja, temos a chave pétrea a desempenhar o papel principal como se da junção política entre um Eixo e um Aliado fosse no remate final de uma guerra que supunha unir os adversários em prol de um bem comum: duas abóbadas de berço, apoiadas em arcos torais, cruzando-se entre si formando uma abóbada em barrete de clérigo.

Se a configuração arquitectónica parece simplista – e está – a sua analogia com a política que se aplica à actualidade cíclica que vivemos é alarmante.

Se uma das abóbadas é a Direita e outra a Esquerda, o cruzamento das duas, feito da evolução de diversos arcos torais nesse barrete de clérigo que se fecha numa única chave de equilíbrio, parece ceder aos extremos que o despropósito dogmático e populista partidário toma.
Se definisse os extremos que cada abóbada toma, diria que a Direita é dogmática e a Esquerda populista.

Se por um lado vemos os tristes exemplos que a Direita tem tido, transformando-se no extremismo xenófobo que havia perdido com Hitler, temos a Esquerda a apelar aos seus velhos valores de sempre, a Estatização do capital privado em prol dos seus líderes de adulação eterna.
Tem tudo sido extremado, sempre para o pior.

A Europa tem visto isso com a chegada dos refugiados de guerra, sendo que a extrema Esquerda usa politicamente do facto para usufruir do lado Humano da aceitação e integração sem reservas enquanto a extrema Direita demonstra o lado oposto da segregação social.
Os Estados Unidos apresentam um líder que se parece a um revisionista Hitler, propondo muros de contenção, segregação e separação racial.
No Brasil – na América Latina em geral; tem se assistido à Esquerda anti-capitalista impor uma pauta ideológica que apenas empobrece a Sociedade e a torna mais igual nessa desigualdade entre a nomenclatura de preferência e os restantes ostracizados.
Já falar de África parece um insulto sobre posicionamento ideológico nas politicas económicas e sociais.

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Diz-se que o paradigma mudou. De que a pedra de fecho desta abóbada se altera e renova. De que a importância entre Esquerda e Direita já não é tão relevante ou que se une sem diferenciação.
Seja de um lado ou de outro o que une políticos de diferentes facções é maior do que os separa.
São todos corruptos. São todos culpados. Que sejam todos punidos.

Só que a cada vez que se crê na mudança do paradigma, dessa forma de algo que a mudar não mudou e vive as dores da adaptação apenas se torna mais extremada, o poder que governa na política é cada vez mais delegado por decreto e não por sufrágio popular.

Se escolhermos o caso Português vemos justo isso.
Cada vez mais os cargos políticos eleitos servem apenas para delegar poderes em comissões ad hoc e cargos inamovíveis que lhes garantam esse poder de isenção e escorreita participação com garante inculpabilidade.
Por outro lado, caso comentam um pecadilho pecaminoso, o poder do julgamento recai sobre esse bastião, também ele intocável, da Justiça dos juízes. Eles vivem nessa cúpula sem mácula, distante da realidade mundana, adorada pela forma hostil como actua de forma justiceira sobre aqueles que publicamente foram escolhidos para representar o povo.

Só que o povo esquece-se que a pedra de fecho, essa chave de equilíbrio político que permite a intersecção entre as duas abóbadas políticas, é ele mesmo. Esse reflexo que se vê nas eleições, na escolha que elege como representante da maioria qualificada.
Porventura a qualificação da maioria é que se tornou, em reflexo das políticas praticadas, inqualificável.

A chave errada para a a fechadura que precisa ser aberta.

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