Julho de 1990 foi um Verão de muita movimentação na cidade de São Paulo no Brasil.
Se por um lado a queda do muro de Berlim no ano anterior tinha quebrado definitivamente a esperança de um Comunismo como Império Soviético, o Eixo de comunicação directa com um Continente fora da América Latina via-se despedaçado.
O Embargo Norte Americano adensava-se e Cuba via-se cada vez mais diminuída dentro da própria ideologia que criara.
O Partido Comunista de Fidel Castro, a convite do Partido dos Trabalhadores Brasileiro, é convidado a ir, sigilosamente, ao Encontro de Partidos e Organizações de Esquerda e Anti-Imperialistas da América Latina.
O objectivo deste 1º Seminário Internacional é debater e discutir alternativas às políticas neoliberais dominantes na América Latina, promovendo a integração económica, política e cultural da região, fazendo-o num diálogo entre as 48 organizações e partidos de Esquerda presentes.
No ano seguinte, dado o sucesso ideológico da união das esquerdas e o maior número de integrantes subir para mais de 100, abrindo um leque de congregação apelativo – onde interagem partidos social-democratas, extrema-esquerda, organizações comunitárias, sindicais e sociais ligados à esquerda católica, grupos étnicos e ambientalistas, organizações nacionalistas, partidos comunistas e rebeldes guerrilheiros armados da FARC – o nome do Seminário altera-se para Foro de São Paulo, uma designação totalitária e abrangente que fica anónima durante anos.
A 1 de Setembro de 1997, após notícias de golpes de Estado e tentativas de investida contra o poder Presidencial no Brasil, o advogado paulista José Carlos Graça Wagner denuncia publicamente a secreta entidade que se apresentava com o plano de instituir a Esquerda Política na América Latina.
A reacção pública, habituada a um sensacionalismo jornalístico, não levou a sério a proposta que se delineava na cartilha ideológica firmada pelos subscritores.
A voz nunca foi embargada, e mesmo sendo Cuba o único País Latino Americano de Esquerda declarada em 1990, o cenário que se assistiu desenvolver nos 15 anos seguintes foi outro.
O sul do Continente Americano conta hoje com 15 países de Esquerda onde, apesar da promessa ser sempre a de uma maior igualdade social, a justiça no tratamento de classes é absurda e a pobreza é camuflada pelas máquinas Estatais que manipulam a lícita – e real; vontade dos cidadãos.
Entretanto, nisto tudo, o Foro visitou as capitais dos seus aliados: Manágua (1992), Havana (1993), Montevidéu (1995), San Salvador (1996), Porto Alegre (1997), Cidade do México (1998), Manágua (2000), Havana (2001), Antígua (2002), Quito (2003), São Paulo (2005), San Salvador (2007), Montevidéu (2008), Cidade do México (2009), Buenos Aires (2010), Manágua (2011), Caracas (2012) e São Paulo (2013), La Paz (2014) e Cidade do México (2015).
Dele, das suas ideologias praticadas, pode-se dizer que saiu algo como isto:
O que mais publicidade publica faz da sua reforma política, a já famosa Revolução Bolivariana, é a Venezuela, mas como já escrevi antes, o país do Mr. Venezuela não espelha a realidade dos seus concursos de Misses.
A imposição do que é ser Livre é determinado por um Governo autoritário, e a crença no Santo Hugo Chávez uma necessidade ‘Madura’ para se sobreviver em triste aparência.
Estranho não será dizer que junto a Chávez ou Maduro está, claro, o criador do foro, Luís Inácio Lula da Silva, o metalúrgico feito Presidente da República do Brasil, o co-fundador e presidente de honra do Partido dos Trabalhadores, que de forma assertiva se propôs a governar o Brasil de forma lícita, opondo-se à corrupção espúria que um passado neo-liberal tinha no seu currículo.
O PT sobe ao poder, com Lula, em 2003 e continua até aos dias de hoje, com Dilma Rousseff, quase no final de 2015, mas se no início tudo era a maravilha do socialismo de esquerda, onde as desigualdades Sociais são resolvidas com os cofres públicos, pagas em equidade por quem mais tem versus quem menos recebe, o quadro que hoje se traça, e que seguramente deve estar em discussão no Foro de São Paulo, é como fugir ao julgamento público de linchamento que se pede ao Partido político que mais roubou na História da Democracia Brasileira.
O que começou por ser conhecido como o mensalão – escândalo de corrupção política mediante compra de votos de parlamentares no Congresso Nacional Brasileiro entre os anos de 2005 e 2006; transformou-se no gigante Petrolão, a investigação Lava Jato que segue o branqueamento de dinheiro e desvio de capitais Públicos da petrolífera Petrobrás, desde 2009 até hoje, para os bolsos dos políticos do Partido Progressista, PMDB e PT.
Mas se o Socialismo de índole Esquerdista já não produzisse esta condicionante de Liberdade – como as corridas aos supermercados, lutas pela sobrevivência ou subsistência em sociedades que querem acreditar no valor da propriedade privada; o Brasil prepara-se, enquanto o maior País da América Latina, para ver investigado o seu Banco de Investimento, o BNDES, que serviu como mealheiro alheio para todos os despudorados amigos usarem sem prestar garantia ou pagar empréstimo.
A frase não é minha, mas em voz desembargada se diz:
O Socialismo só funciona até o dinheiro dos outros acabar…
Porque nada é grande de mais para falhar. Nem mesmo as ideologias.
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