Um novo capítulo de paternidade das responsabilidades imputadas começou.
Há quem lhe chame uma mudança de paradigma.
Há quem diga ter sido um virar de página.
E há mesmo quem diga ser o dar a cara pelos actos assumidos.

Ditos à parte, um facto é concreto: era quase meia noite, domingo 20 de Dezembro, António Costa, o Primeiro Ministro, apresentava a resolução do Banif.

Se o paradigma não tinha ainda mudado, a página virada parecia repetir-se nesse momento de repetição, tal qual padrão que de aleatório passou a repetitivo, a verdade é que o Costa que agora apresentava a resolução do Banco era outro.
Só que a não ser o Governador e antes o Primeiro Ministro, mudou toda a forma de encarar a razão de imputar o garante de culpabilidade.

Se no final dos anos ’70 o paradigma familiar se via mudar com o processo judicial cinematográfico Kramer vs Kramer, onde a disputa entre pais separados pelo amor de um filho feito bem transacionável abria a emancipação feminina como Mãe solteira, a mudança de paradigma criada pela Geringonça traz uma emancipação nas responsabilidades (ou culpas directas) sobre a gestão dos bens transacionáveis que coloca Costa vs Costa.

A Comissão de Orçamento, Finanças e Modernização Administrativa que ontem teve lugar mostrou bem essa mudança de paradigma.
A página virou. A resolução do Banif não foi requerida pelo Banco de Portugal mas antes pelo Governo. A mesma, como já se sabe, foi apresentada, tarde da noite, pelo Primeiro Primeiro Ministro António Costa.
Carlos Costa, o outro Costa, disse-o por três vezes, quem pediu a resolução ao Banco de Portugal foi o Governo, sendo que os deputados ficaram confusos com o facto inverso neste novo paradigma.

Mas a confirmação que lança a acha dessa fogueira vem nessa personagem transacionável, tal como Billy, o filho do casal Kramer, Mário Centeno, o Ministro das Finanças por trás da dita resolução, explicando-se acerca da dita resolução.
Entre os ‘ses’ que não teve ou que uma notícia com danos colaterais mas sem explicações dadas pela objectividade temporal que teve, Centeno diz que as suas explicações sobre o caso são factuais, claras e objectivas como uma obra pictórica de Magritte.

Costa vs Costa.jpg

Face à pré Comissão Parlamentar de Inquérito que se demonstrou, Carlos Costa não se deixa apanhar em falso por duas vezes. O Novo Banco foi um caso intransigente onde a emoção se sobrepôs à razão e o tempo se deixou diluir numa quezília familiar televisionada.
O Banif é uma questão de Estado, responsabilidade de quem ocupa o Governo.

Quem lá está assume o peso dessa responsabilidade feita culpa e Costa é o inimigo público nº 1.

Só que se o Orçamento do Estado traz um rótulo de maquinação, parece que a perspectiva de Centeno se encaixa nessa visão para a resolução que coloca Costa vs Costa com a mesma clareza das pinturas de Magritte: são surrealistas.

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