Desengane-se quem achar que a demissão de António Domingues da Caixa Geral de Depósitos não fosse algo esperado pelo hábil Primeiro Ministro António Costa.
Dito isto, só o simples facto de lhe ter permitivo entrar como gestor de um bem público fazendo-lhe um regime de excepção revelam desde logo o carácter que ambos têm nesta narrativa que se fez longa de mais.
António Costa não chegou a Primeiro Ministro porque venceu as eleições. Chegou lá porque foi hábil em iludir o eleitorado de que a união parlamentar seria a solução para uma maioria sufragada nas urnas. Assim, escolher um dos mais conceituados Administradores bancários em solo Nacional nada mais foi que uma forma de postergar algo muito simples e eficaz para fazer uma jogada extremamente simples às custas da reputação de outrem: a recapitalização da Caixa não vai a défice.
Exacto. António Domingues nada exerceu de palpável nos longos corredores da CDG, mas em Bruxelas logrou aquilo que Costa mais queria, ter um défice sem o gigante buraco financeiro que os contribuintes ficarão a pagar por longos e infindáveis anos ao mesmo tempo que, agora, culpará todo este ardil populista na sua oposição favorita: PSD e CDS.
Mas será? Não faço prognósticos depois de qualquer jogo, já que a Caixa de Pandora de que venho a escrever nos últimos meses se transformou nesse caixotinho jocoso onde, com a ajuda do Bloco de Esquerda, todo um hemiciclo se fez refém dessa disfuncionalidade cognitiva temporária, indo contra a própria Caixa como bem de supremacia nacional, agora tornada em arma de mero arremesso político e não mais a banqueta dos boys and girls partidários.
Desfecho final? Cito esse que nos governa, na sua incauta placidez colérica:
“Devolvemos ao país à normalidade. O país respira um clima de tranquilidade, com as famílias e as empresas a já não viverem no sobressalto do que poderá acontecer no dia seguinte”
Há é sempre um dia depois de amanhã…
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