Muito se tem dito acerca da Caixa Geral de Depósitos. Muitos jornalistas tem feito essa pergunta a políticos, economistas, comentadores, estudiosos, letrados e afins:
Estamos perante uma Caixa de Pandora? – a resposta, para grande surpresa da maioria tem sido um rotundo não, em justificativas dessa presciência colectiva ao se saber muito bem onde param os créditos mal parados da Caixa ou a quem foram atribuídos sem garantias colaterais que hoje se vêem esfumadas em dívidas incobráveis.
Serei muito sincero, e já o antes escrevi, a CGD é uma Caixa de Pandora.

Vou começar pela questão que parece tornar surdos todos os que agora gritam num frenesim de passa culpas pela retórica criada sobre a gestão pingue-pongue do banco Público.
A sua gestão foi má dentro da medida em que um Banco que pode lançar os seus prejuízos a défice Nacional num país rumo (alegremente diga-se) à bancarrota, terá sempre esse bónus acrescido que um Banco Privado não tem.
Aqui entramos no pedido da Comissão de Inquérito. Claro que deve haver uma Comissão, mas antes até uma auditoria externa, sem intervenção política.
Averigue-se o que de facto se passa dentro dos cofres fortes da caixa, nesse tão impenetrável edifício Pandoriano.

Eu estou mais que certo, e mesmo seguro, que não hão de ser os créditos cedidos aos amigos, entre jogadas políticas, que criaram o famigerado buraco que agora tanto se fala.

Vejo até com especial graça a eloquência truculenta com que o ex-Primeiro Ministro dos tempos áureos do Socialism-a-crise-passou-quando-ainda-nem-chegou vir escrever um artigo de opinião tentando afastar de si esse cálice onde tantos dos seus amigos próximos beberam, como se ele nada a cause de soubesse. Mas como Sócrates há vários que intentam esse afastamento de se inquirir ou investigar sempre na narrativa da protecção de um bem maior.
Há mesmo quem diga que “as Comissões Parlamentares de Inquérito a bancos foram autópsias a bancos mortos. PSD inova e quer fazer o mesmo a um banco vivo – talvez na expectativa de o ver morto.”

Serei absolutamente sincero, retirando ideologias e colocando a lógica sem o artefacto da necrofilia que o hemiciclo aparentemente se pretende dedicar, para chegar a uma absoluta certeza.

AMNESIA.jpg

Os bancos que vimos recapitalizados – e que conseguiram pagar as suas recapitalizações – precisaram não por ter créditos emprestados a amigos, ou por estarem em perigosas jogadas ilícitas.
Recorrem ao financiamento Estatal via BCE e Fundo Monetário Europeu porque se arriscaram a dar crédito a milhões de portugueses que viram o seu património desvalorizar de um momento para o outro.
Pior, viram o país entrar numa grave crise económica sem precedentes nas últimas duas décadas.
A Caixa é sim de Pandora, não por ter nem escondida algo de grande segredo. Contem mesmo essa amnésia colectiva que parece ter tomado todos de uma vez.

Portugal chegou à bancarrota em 2011 porque os seus bancos – incluindo o maior deles, a Caixa Geral de Depósitos – emprestavam crédito barato e sem risco, alavancando sempre nessa promessa de que tudo iria correr bem. Não correu. Não se simulou a Leste para atacar a Oeste.
As jogadas de casino – como a Esquerda lhes gosta de chamar – não foram um exclusivo da banca privada e o Banco Público fartou-se de promover uma extensa carteira de crédito a tudo e todos jogando fichas arbitrárias nesse garante de estar protegido pelas suas perdas serem pagas pelos contribuintes.
O problema sério é que os cofres Públicos esvaziaram-se e os contribuintes já não têm mais como pagar a dívida que os próprios geraram nessa oferta que o “seu” Banco Público lhes fez.

A análise que será constituída para a recapitalização da Caixa irá demonstrar isso, mas até lá vai se assistir ao desmascarar de muitos daqueles que querem afastar os cálices contidos dentro desta Caixa. Porque de certeza que ela é de Pandora é, e a amnésia colectiva será só selectiva para alguns.
Help Élpis!

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