Já antes o disse, não sou optimista, sou positivo, e por tal, face à adversidade não me deixo deprimir mais que a química que me define.
Antes me reposiciono numa certa seriedade graciosa de quem já antes tudo isto viu ocorrer e sabe que no limite extremo do desespero a indigência Humana me aguarda.
Ao que me traz: onde acaba esta verosimilhança do optimismo instalada em todos?

Quando vamos parar de nos olhar com um certo fascínio e, parafraseando essa última palavra do canto X de Camões, deixar de ter uma maligna inveja.

A caixa mágica que, em Portugal desde 7 de Março de 1957, nos invade os lares é perita nessa manobra qualitativa em enobrecer a arte da inveja.
A (des)qualificação inenarrável do que a transmissão digital se tem transformado é um sintoma de repetição que já não é aleatório.
Ao longo da semana que se fez passar, a primeira laboral de 2016 – a minha em crónicas -, abstive-me de aprofundar uma visão sobre o enredo político Nacional.
Evitei a todo o custo os Presidenciáveis e essa noção de caldos de sopa em que tudo isto se tornou.
Contive a fleuma sobre o risco dogmático do Governo que já este ano se vê em novas reversões da honra na palavra dada.

Fiz antes uma senha política ao estilo do “E depois do Adeus”, ao ficarmos sós.
É esse claro aviso de que algo está, claramente, para vir.

Mas enquanto o acne chinês não se faz adulto para acalmar a bolha financeira à escala mundial, vamos entreter-nos com aquilo que por aqui temos de diferente.

Ontem, no 15º aniversário da SicNotícias, o inaudito da normalidade corriqueira e banal, do que já se tornou um Reality Show Nacional, ocorreu. António Costa, o Primeiro Ministro Vírgula re-transformou-se naquilo que nunca deixou de ser: o comentarista oportunista da Quadratura do Círculo.
Pode parecer uma piada concêntrica a intentar buscar um ponto equidistante entre duas rectas paralelas, mas não. É verdade. Um Primeiro Ministro em funções – brade aos céus – foi ser comentarista político num programa de televisão.

Quadratura do Circulo.jpg

Não importa sequer aquilo que comenta, sendo que a discordância da sua palavra vale tanto quanto a honra que o elevou à posição que ocupa. Vale é perceber que a classe política que se alça ao poder, aplaudida por uma emergente geração que se vislumbra nesse reflexo de igualdade, é constituída por discípulos de opiniões e comentários construídos sobre ideias vagas e escapistas de propriedade intelectual.

Tudo isto é verosímil de algo que parece optimista. Parece até plausível. Pode até ter uma graça intrínseca nessa minha seriedade graciosa de quem se vê rumo a uma indigência Humana.
Não tem. É apenas triste assistir ao desespero que se instala nestas personagens vazias delas próprias – fazendo pantomimices como de pão para a boca – gerando sempre essa verdade sobre elas próprias: inveja. A imutável inveja.

“Ou fazendo que, mais que a de Medusa,
A vista vossa tema o monte Atlante,
Ou rompendo nos campos de Ampelusa
Os muros de Marrocos e Trudante,
A minha já estimada e leda Musa
Fico que em todo o mundo de vós cante,
De sorte que Alexandro em vós se veja,
Sem à dita de Aquiles ter enveja.”

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