O paradigma Social alterou-se.
O século XXI inicia-se com a premissa do direito aos Direitos.
Hannah Arendt ficaria orgulhosa com o fim da ideologia totalitária que a Democracia aniquilou e o surgimento desta igualdade que em seu lugar se exerce.
Os Homens trabalham. As Mulheres trabalham. As crianças são ensinadas.
Tudo parece existir num funcionalismo académico de perfeição ideal.
Tudo se equilibra segundo esse paradigma.
(prova-se)
Tudo está a falhar.
Os Homens ganham mais sem provar que mais trabalham. As Mulheres ganham menos trabalhando, por vezes, muito mais. As crianças, na contenda laboral de Pais que precisam (sobre)viver, em vez de educação, têm apenas ensino.
(mastiga-se)
Parece que o cenário de desequilíbrio Social, que arrasta uma juventude descrente de princípios morais a esperanças extremistas, se deve à repercussão de uma Guerra que tudo tirou em vez do excesso que atribuiu.
(deita-se fora)
Se a premissa de Arendt era justo o fim desse Totalitarismo que confinava a condição Humana à falta de liberdade, igualdade e dignidade, nos dias de hoje, nesta Sociedade de perpétua abundância de ilusão – de escapismo populista para vencer eleições – vivemos confinados a vislumbrar o desejo atrás de uma vitrine ou a pedir emprestado para adquiri-lo.
A sermos disfuncionais por querermos aparentar ser normais, dentro daquilo que nos vendem como sendo a implícita normalidade da pertença em algo que seja vigente.
Afinal que direito a Direitos é este?
Que Liberdade incondicional é esta que determina os pressupostos papeis que cada um tem ou deve ter?
Todos querem ser, levado à letra, Diferentes e Iguais ao mesmo tempo, sem que o julgamento ético do que a expressão (culto dos anos ’90) seja interiorizado.
O paradigma inverteu-se. A igualdade não se coaduna com a diferença.
Não na Sociedade que falha e se vê extremista.
O direito a Direitos repensa-se nessa linha de proporcionalidade do facto consumado. Desse inimigo saído deste paradigma da riqueza inalcançável. Da desilusão do abandono. De um Estado Capital em défice Social.
A Guerra Ocidental, pós Holocausto, foi uma ‘eterna’ Guerra de Paz. Estagnámos na aspiração da eloquência e firmámos a condição da ambição garantida: como tudo que é coisa que promete, a gente vê como uma chiclete que se prova, mastiga e deita fora se demora.
E demorou 70 anos, de 1945 a 2015, até que o jogar fora se transmutou numa reciclagem que não se recicla mais. E os Direitos já não são um direito a ter em causa.
(continua)
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