“A Guerra Ocidental, pós Holocausto, foi uma ‘eterna’ Guerra de Paz. Estagnámos na aspiração da eloquência e firmámos a condição da ambição garantida: como tudo que é coisa que promete, a gente vê como uma chiclete que se prova, mastiga e deita fora se demora.”
O paralelo sintomático da fuga para a frente sempre foi a forma da Humanidade lidar com algo impossível de se resolver em si mesmo: o tempo.
A cronologia que nos acompanha, a qual definimos por um tique-taque transformado em exaustiva medição feita de segundos, minutos e horas, calendarizada em dias, semanas e anos, passou a ser uma apostila técnica que nos rege de forma paradigmática para lançar as tendências que se assumem a cada década.
Não será de por menos dizer que a cada década se faz representar um estilo, uma forma, uma moda.
Por outro lado não existe uma aversão de se fazer passar a mensagem de que a memória daquilo que nesse espaço de tempo se construiu é feito justo do esquecimento relativo a tudo aquilo que preferimos não nos lembrar.
Simplificando: a história é sempre a versão dos vencedores.
Supor uma realidade actual onde o Eixo venceria a segunda grande guerra, a Alemanha teria o seu Reich dos mil anos e Hitler seria uma verdade daquilo que muito fazem ficção do que Trump é, é algo que nem imaginamos.
Mais estranho nos parece, à luz dos factos, que exista quem negue o Holocausto, ou mesmo que na Casa Branca actual não se faça menção ao povo Judaico no dia da sua Memória.
Preferimos viver num mundo de selfies e de Yolocaust.
As verdades são paralelas e os instantes decisivos para que tudo não passe de mútuos erros de percepção.
Só que as verdades paralelas são verdades, e os instantes decisivos fazem com que os erros ocorram e consequências em ordem cronológica se produzam.
Se antes a memória relativa ao facto se perdia na amnésia congruente que salvou a Humanidade do caos, agora vive neste repositório permanente de consulta imediata.
Não são as Fake News as inimigas de qualquer povo, é o próprio povo o inimigo de quem se crê melhor que a realidade que se recria para evitar que a mesma exista.
O passado é agora a nova actualidade e os vencedores já não ditam a versão que permanece. Essa é escrita no perpetuo continuum deste inefável mundo digital onde tudo que se fez, faz, disse ou será dito, reza o futuro do que virá.
O paradigma chiclete chegou.
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