O meu silêncio estagna na inversão dos princípios que alicerçam a Sociedade. Mais que a Sociedade, esse todo tão amorfo como ausente de Democracia, a Comunidade de pares onde o ímpar se destaca para criar a regra que confirma a sempre excepção da discriminação Social.
A bolha de alternativa factual em que nos inserimos já mais não é o anátema das redes sociais e de como a regência do mundo passa pelos Estados Unidos. Nem mesmo como o resto da Humanidade pode assistir a isso como se de entretenimento se passasse.
As breaking news não causam impacto porque vivemos em permanente estado de emergência onde o choque de horror vive camuflado por layers e triggers de segurança visual, onde o politicamente correcto venceu e os meme’s de oportunidade são Reis e senhores sem monarquia instituída.
Mas como viver neste ‘upside down’ sem que Lewis Carrol exista ou o inverso dessa moeda seja o binge-watch de ‘coisas estranhas’ como satisfação pessoal para a vida stressante que, parece, todos levarmos?
Que lunetas rosas havemos de usar para garantir que as vacas voam ou que um tornado nos trouxe para além do arco-íris?
‘Toto, I’ve a feeling we’re not in Kansas anymore.’
Mas a questão é que estamos no Kansas, no Iraque, no Afeganistão. Na Síria.
Nesses lugares onde o que voa são misseis e balas, a morte que tudo destrói, a vontade dos políticos que sucumbe perante a inversão de valores que a Comunidade vê perdida. O estado é de sítio, não de Estado, esse entra em rotura, falência técnica. Torna-se indigno, até de leccionar sobre o seu passado.
É que a dignidade Humana não se conquistou pelo que nos papeis se escreve, nas Constituições se redige ou nas Leis se aplica como regra. Essa se conquista pela instituição primária da ideia que existe pertença do Ser, do individuo, pelo seu Respeito enquanto parte de algo maior. Enquanto o todo que somos, ‘todos iguais, todos diferentes’ – não todos diferentes, todos iguais – todos na busca dessa paridade que nos faz Comunidade (não comunistas).
Chega de se viver na bolha, na Democracia de um, nessa autocracia de wikipedia e definições avulsas para autocontemplação onânica como sapiência de quem não estudou mas se considera ensinado. Venha a reversão, a incorrecção do politicamente suficiente, a autocensura moderada para ser aprendizado maior.
‘Can’t we all get along?’, Yes we can! – at least we could…
Como Reginald Denny demonstrou ao ser salvo pelos “mesmos” que o atacaram nos distúrbios de LA quando a Lei falhou num estado policial corrupto a meio do racismo instituído que a Declaração de Independência de 1776 indeferiu ao nos considerar todos iguais enquanto a escravatura era regra comum. Porque se insurge: quem queremos ser; a vítima ou o agressor, ou nisso, aquele que se soube adaptar à ideia hostil da agressão como ensino fundamental de uma vida inversa ao princípio moral?
Criem-se hashtags: #somostodosTonya já que ninguém quer “ir além da Troika” e todos preferem ser as Kerrigan da vida, aparência em competência, desaire em competição, Sociedade que assiste e prefere não ver.
Aqui não há bonitos princípios de amizade nem aviões em fuga num eterno desfecho cinematográfico. Há só sentido de responsabilidade, política e Sociedade Civil.
E quem a lidera é a Comunidade, não os políticos. Esses meramente seguem as suas vontades, e essa trouxe-nos aqui, ao impasse, à inversão.
Um grito de quem se espanta com o que a ninguém espanta. Grito do ser que não vê nas leis (e no poder que delas emana) a solução que só está na alma de cada Ser.
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