O homem é absurdo.
Nem meto nenhuma conjunção adversativa a ressalvar essa conclusão. Há outras realidades (essas sim, realmente congruentes) a rolar paralelamente num comboio rumo a um forno crematório. Uma delas foi a insistência em discursos politicamente correctos que abriram caminho aos absurdos de Trump, de Mariana Mortágua, de Le Pen ou… Portas.
Isso criou o terreno para que o voto democrático, essa abstração em que passámos a acreditar com tanta insistência e fé como na santidade da Irmã Lucia com os mesmos efeitos, tomasse conta de tudo e nos desse os grandes líderes como Trump, Catarina Martins, António Costa, Tiririca ou Duterte. E nós, eleitores aceitámos que os futuros sejam definidos nestas raspadinhas onde se inventam os Brexit e os novos muros. E surdos à realidade ouvimos e seguimos os sofistas e demagogos apoiados pelos seus coros de sicofantas… e não há solução a não ser cantar um tango argentino como Manuel Bandeira ou seguir the yellow brick road de Zweig ou mendigar e aceitar um emprego na Mota Engil porque…
Quem conduz o comboio clangorante?
Os tirantes estão em brasa, e desfaz-se o tirante!
E o fogueiro enlouquecido continua a atirar carvão para a fornalha hiante.
Porque é a morte que conduz o comboio clangorante.
Poema de Edwin James Milliken
(tradução livre do autor)
Who is in charge of the clattering train?
The axles creak, and the couplings strain.
Ten minutes behind at the Junction. Yes!
And we’re twenty now to the bad—no less!
We must make it up on our flight to town.
Clatter and crash! That’s the last train down,
Flashing by with a steamy trail.
Pile on the fuel! We must not fail.
At every mile we a minute must gain!
Who is in charge of the clattering train?
…
Crónica de Mário Crespo, convidado inevitável na farpa. Quando menos se espera a sua inspiração – por oposição e/ou contestação – se fazem presentes.
Sempre bem vindo a escrever nesta plataforma que também é sua.
1 Comment