Quando Donald Trump surgiu como o putativo candidato à cadeira do poder Democrático do farol da decência Governativa mundial (passo a hipotética e inadvertida piada), notei o surgimento do alt right e com ele essa esquizofrénica figura, o jornalista Britânico radicado nos Estados Unidos, Milo Yiannopoulos.
Não só o fiz porque Milo tem essa (mera) semelhança de se dizer um Conservador Liberal como eu, mas porque enraíza na sua génese o facto de ser homossexual assumido – e como! – e vocifera que “os Direitos Gays fizeram-nos mais burros, é tempo de voltarmos para o armário”.
Vejamos, eu não sou um estricto defensor do politicamente correcto, longe disso, mas não sonego a liberdade do individuo em detrimento de uma mera piada de estilo. O respeito existe ainda que a jogada política seja feita.
Pois bem, para Milo não. Para ele tudo se trata – ou tratou – de uma ilusão fabricada em torno de destroçar o preconceito que a Sociedade tem acerca do que é ou não real.
Se na génese do conceito compreendo o desfazer de ideias pré-fabricadas onde a Liberdade de Expressão vive inibida face a uma ideia retrograda, noutro sentido tudo se confronta naquilo que é pura Libertinagem de Expressão que entra em confronto com a Liberdade do individuo.
Yiannopoulos tem apenas 31 anos e acha-se dono de uma verdade tão inconsequente que o leva a dizer tamanhas barbaridades como aquela que, encontrada no meio de tantas real fake news, o fez entrar em xeque sobre a idade do consentimento sexual:
“Pedofilia não é a atracção sexual por alguém que tem 13 anos e é sexualmente maduro. Pedofilia é atracção por crianças que não atingiram a puberdade.” (4:12)
Sim, é certo que a frase retirada do seu contexto – o video tem 5 minutos e 30 segundos – diria que o jovem Milo estaria a advogar pela pedofilia. Não, esse facto fica bem claro quando em seguida ele diz que despreza a pedofilia (4:36) mas aceita relações inter-geracionais, nomeadamente entre ‘older men’ e ‘boys’ (4:59), e que isso, derivado da sua experiência pessoal por ter sido molestado sexualmente em adolescente pelo ‘Father Michael’ (3:21) não faria um fellatio tão bom.
Milo fala, quase sempre, sem pensar nas consequências dos seus actos. Esta teve e foi devastadora.
Não só se viu espezinhado pelos midia que o vinham a publicitar como o enfant terrible desta geração alt right que ganha uma voz afirmativa na Nação Trump, como, após uma eficaz entrevista com Bill Maher na HBO, o seu contracto para publicar o livro ‘Dangerous’ foi cancelado e viu-se ‘forçado’ a despedir-se de editor do jornal digital Breitbart.
Evidente que a juventude dessa imortalidade que Milo crê ter, num tom desafiador da incredulidade passiva de quem assiste a algo improvável, garante que este não é o seu fim.
E de facto não será. As vozes dissonantes, a concordata de Esquerda opressiva que o próprio menciona e que o condena por citar erradamente – facto que anteriormente desmontei – não o farão menos perigoso. Ele acredita piamente que será a sua Libertinagem de uma verdade fora do armário – “para o qual ele terá de voltar” – que educará toda uma Sociedade mais idiossincrática que idiota.
Pena é que Yiannopoulos acredita ser perigoso quando é ele o idiota, útil, com certeza.
Republicou isto em O LADO ESCURO DA LUA.
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