Nunca pensei que dois textos autónomos com uma mesma fonte – o musical ‘Singing in the Rain’ – pudessem ser a base de toda uma crónica acerca da tomada de posse de Trump.
Enganei-me, são mesmo.
É verdade que na viragem para 2017, certamente ciente de que Donald J. Trump, seria o 45º Presidente dos Estados Unidos, Debbie Reynolds acabou por nos deixar. Interessante facto – cuja graça não graceja – é ser ela uma das protagonistas do musical que supra cito e serve de mote a esta crónica.
Em Abril de 2015, eu também ciente das mudanças Presidenciais que ocorreriam em Portugal, escrevo o texto ‘Dignity, Always Dignity’, uma parabola acerca dessa dignidade que elege os Presidentes que agora, tanto em Portugal como nos Estados Unidos, ocupam o lugar de honra.
Se aqui o paralelo é menor, no caso de ocaso, por lá a figura é paradigmática na sua totalidade de uma serenata onde a chuva alaga e muitas vezes ganha tons de dourada.
Ali era um Marcelo em oposição a Reagan. Aqui um Trump em oposição à dignidade em si.
Facto contundente é que uma minoria minoritária o representa, nesse espectáculo onde a ofuscação esconde um pouco daquilo pelo qual atravessamos agora. São tweets irresponsáveis, escolhas reprováveis e uma persona cuja idoneidade e carácter serão, desde logo, sempre questionáveis.
A dissincronia inerente de Trump, aquela que faz parte da sua declaração de renda nunca revelada – por medo de se descobrir que o seu nome sonante não passa de mais que um franchisado – repercute justo aquela cena infame do filme quando o som se troca de posição. Quando se diz Yes, Yes, Yes; na verdade é No, No, No!
E assim, enquanto a queda iminente não ocorrer, vamos serenando baixo uma chuva empertigada que nos desajusta.
…
A continuar na tomada de posse.
Republicou isto em O LADO ESCURO DA LUA.
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