O inóspito hors concours da política Portuguesa está a ocorrer sem que ninguém tenha escrito uma linha sobre a sucessão que ocorre no paradigma de Governação vigente.
Todos falam na manca Geringonça e nas intermináveis páginas de erratas com notas de roda-pé, mas ninguém aborda o vácuo de horror gerado nessa Sede Vacante que está a ser a saída de Aníbal e a ascensão de Marcelo.
Se o ‘homem que se segue‘ deixa o cargo de 30 anos entregues a uma política despesista do Centrão dos canudos e correspondências académicas, aquilo que a novo eleito prepara é sintomático com a ausência da verve e pedigree político que abundam na praça dos carreiristas de São Bento.
O estranho chamamento de um Presidente eleito, ainda sem posse tomada, para conferenciar com o que irá ser o seu Ministro das Finanças, para uma “conversa” de duas horas, sendo que isto em nada faz parte do que o protocolo Presidencial indica ser a tradição, dizem bastante da linha tradicional que o Professor Académico irá seguir daqui em diante.
(qual nihil innovetur?)
Marcelo o cidadão é o dito cata-vento das opiniões, a Vichyssoise de Portas, o Deus e o Diabo do Semanário, a missa Dominical televisionada para o Povo.
Marcelo o Presidente é a memória vaga de um Académico que formou e ‘enformou’ carreiras enfileiradas aptas a aplaudir as suas escolhas, enquanto fará algo tão certeiro e óbvio como aquilo que se treslê na rapidez com que dizem ler livros: pedir uma revisão Constitucional para que lhe sejam dados mais e maiores poderes presidenciais.
O acto falho que está na ser a Administração Pública por parte desta união de derrotados nas eleições legislativas é a maior força da eleição de Marcelo. A sua Primavera introdutória nada terá que ver com a frase “o Povo é quem mais ordena, foi o Povo que me quis“, rápido veremos Portugal transformado num tórrido Verão Marcelista em que os seus interesses se sobrepõem à noção democrática que elege assentos numa Assembleia para sentar um único representante do Povo na cadeira totalitária do poder.
A Sede Vacante termina quando o Presidencialismo Cesarino de Marcelo se instituir.
Nesse instante bem podem os partidos replicar o pacto da Granja e unir-se na concentração necessária para se derrotarem mutuamente que o poder maximus pertencerá, tão e somente, àquele que antes mais não servia que para cortar-fitas.
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