Empedernida a minha alma onde um ser se esconde e recria. Vulto de uma sombra que desaparece quando por mim passa.
O inusitado acontece. Servem-nos vinho. Acre e amargo como aquele beijo. Sinto-te em mim.
Volúpia mental, desejo e preconceito.
Quando a peste assolava o meu ser, eu era senhor. Dominava a doença e era imortal. Queria morrer mas tornava-me eterno.
De social a sociopata, apanhas-me no flanco da minha existência.
Vivo na era pós antropogénica e olho o meio ambiente em meu redor, definindo um qualquer ser.
Estou anarquista, sou Cristo masoquista. O eu perpetuo: espírito santo. Uma outra coisa.
Digo-te que sou melhor, existo e quero que me toques. Sintas em mim o teu eu. Respira-me, inspira-me. Voa alto como o pardal, a codorniz e o faisão. Come-me. Traga o meu ser.
Completa-me por completo e deixa que eu esteja ali parado e nu.
Não existes em mim e deixas-me ao abandono. Não te mereço.
A tua carne sabe mal, ainda assim trinco-te e tranco-te. Sou esquisito, mas gosto do que é normal.
Sou normal, e tu também.
Abano as pernas de forma precoce. Baloiçam-se de forma trabalhosa.
Preciso de tempo, empedernido enquanto me depenas.
Esqueço e deixo que acabe.
Acaba e digo-te, deixa-me!
Deixa-me que sou burguês!
(O dinheiro é merda)
Dou um bafo nessa droga fria. Refresca-me o meu ser.
Quero estupefacientes mentais que me desinibam e me tornem janado.
Rápido e violento. Sinto peso, violência acústica do meu ser.
Estou mudo. Cego e surdo. Refém do meu ser. Não é a verdade, apenas balão de ensaio. Usa-me!
És agradável e prazeroso.
Drenado de mim.
Vazio no meu ser.
…
in ‘Tudo um Pouco de Nada’