Podia entrar em graça de Shabbat com as diversas crispações ideológicas, idiossincráticas, idióticas que populam o Manifesto político partidário nacionalista que se tornou a praça Portuguesa.
Podia até assumir ser algo mais Internacional.
Tinha vontade de invocar a verdadeira lição de realpolitik que Angola faz sanha contra Portugal com a constituição de Isabel dos Santos Presidente da Sonangol, não esquecendo que o nosso país irmão se encontra baixo discreta batuta do FMI.
Tinha ganas de desmontar a argumentação entre Costas sobre esses Pecados Capitais em que o Banif se tornou, recorrendo à audição de Maria Luís Albuquerque na comissão de Inquérito justo no dia em que a Comissão Europeia garante que a resolução do banco foi opção política do governo das Esquerdas.
Tinha necessidade de mostrar que no Orçamento do Estado de 2016 o valor médio dado aos Colégios em Contrato de Associação é de 80.500€ enquanto ao Público é de 105.853,33€.
Mas hoje prefiro falar de algo que nos transcende e afecta a todos: Direitos Adquiridos.
Essa Sacrossanta Noção de que quando nascemos temos inerentes a nós uma série de direitos adquiridos, inalienáveis e que ao próprio pertencem.
Só que fora a nossa própria mortalidade, liberdade inerente de existirmos dentro da Comunidade que nos alberga ao nascermos, que outros Direitos devemos ter?
Uso palavras como ‘Comunidade’ e ‘albergar’ ao invés de ‘Sociedade’ e ‘aceitar’ porque aquilo que estipula a convivência em Sociedade em que todos, se supõe, são aceites, é a existência de leis que forcem Direitos. Ao se suprirem as leis que coordenam a Sociedade, regressando a uma lógica mais próxima de Comunidade, a aceitação relativa, ainda que possa aumentar num sentido prático, transforma-se num reduto onde os ditos Direitos adquiridos passam a uma ordenação prática do poder estipulado pelo mais forte.
É, foi, essa lei do mais forte (ou numa perversão actual do Direito Democrático) quem concebeu as diferentes tipologias da aceitação em Sociedade. A escravatura já foi algo normal. O preconceito entre raças algo estipulado pela Lei dos Homens.
A sua revogação não foi feita através da ladainha dos Direitos Adquiridos. Foi feita através desse inegável facto, tão contundente e abrasivo que as minorias se recusam a ser-lhes reconhecido: não existem minorias.
A manutenção de pautas, muitas vezes estigmatizantes e ideológicas sobre minorias e a acepção autoral dos direitos adquiridos é uma forma de criar, recriar, guetos existencialistas do orgulho em se ser diferente por ser meramente uma minoria.
Repito, minorias apenas existem aos olhos de quem nelas vê preconceito.
A maior minoria é, será, face ao infinito do espaço sideral, a própria Humanidade.
Até lá somos todos maioria.
Esse é o Nosso único Direito adquirido.
…
texto inspirado no video promocional da Momondo, The DNA Journey.
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