Tudo é matemática, se não de efeito de estilo, já que Portugal se constrói sob sucessivas mentiras sob a sua heróica fundação até ao silêncio sob o manto Espanhol que nos consumiu 60 anos reduzidos a 11 segundos de escaparate premonitório sobre a actualidade corporativista a que o Estado Novo se precavia.
Mas de ilusões passadas não se vive, e se de 1933 a 1974 são 41 anos exactos, a actual Democracia já passou a barreira dessa estagnada revolução de Abril cumprindo 45 anos neste 2019.
Pergunta-se então:
Porque nos revoltamos perante a Liberdade conquistada do país das maravilhas que uma Primavera Marcelista falhou em entregar?
Onde reside essa inércia Camoniana que nos corrói na inveja alheia e faz ser os velhos desse Restelo eterno, saudosistas pelo passado glorioso que não volta mais?
Que amnésia colectiva é essa, julgadora do antanho que viveu e desfrutou, cuspindo nos seus (falsos) ídolos de outrora?
Este 10 de Junho ficou marcado pela viralidade do discurso de João Miguel Tavares, uma prosa tão simples e directa de alguém que, nascido e criado sem a retórica Salazarista, demonstra como o Salazarento Portugal se prende na memória pequenina da Casa Portuguesa de Amália Rodrigues. No final somos um Povo simples que apenas quer “pão e vinho sobre a mesa”. Ou será?
O que alguns críticos, outros trolls, online criticam sobre o mais memorável discurso do dia de Portugal resume-se de forma pragmática: conformismo.
Portugal é o país dos árbitros de sofá, dos críticos de café, dos doentes de farmácia, dos donos da verdade conveniente.
Do tempo que não volta para traz.
“Caro João Miguel, nós somos o país que queremos ser”, ainda que com o peso dos ‘interesses do Estado’.
45 anos podem quebrar o ciclo.
Podemos até imaginar que na queda imaginária de Sócrates, paralelo de Salazar, ao entrar uma forçosa Primavera Troikista, a Revolução de um novo Abril chegou com a Geringonça de Costa.
Agora se pergunta, face à adversidade da ilusão que se vive num país onde a gravidade não faz vacas voar e a cobrança fiscal é arremesso de penhora em via pública; não é o actual Primeiro Ministro o líder do saudoso PREC das Esquerdas?
Afinal onde anda um novo ‘Soares’, tal qual soneto de brumas sebastianas, para desentorpecer a Nação valente e imortal onde o Socialismo para o qual se caminhava nos salvou da ameaça vermelha que se impunha? Suponho que entretido sob o sol da Caparica, entregue à abstenção galopante, no aguardo das férias de verão. Que se cobrem impostos na praia também!