Centro-me para não escapar, já que o tema é sensacionalizado numa ética anglo-saxã que em determinada medida se me escapa sem par.
Falo de assédio sexual.
Assediar sexualmente alguém é ”, em sentido amplo, toda a forma de avanço sexual não consensual. Em sentido estrito, é um tipo de coerção de caráter sexual praticada geralmente por uma pessoa em posição hierárquica superior em relação a um subordinado (embora o contrário também possa acontecer), normalmente em local de trabalho ou ambiente acadêmico.
O assédio sexual caracteriza-se por alguma ameaça, insinuação de ameaça ou hostilidade contra o subordinado visando a algum objectivo.”
Ou seja, há intenção e intuito, seja monetário, profissional, ou de alguma forma para ganho pessoal, quando se assedia sexualmente alguém.
A definição é lata e vem desse maná chamado Wikipedia, mas resume bem o acto, acto esse que parece, sobretudo nesse mundo profundamente puritano e de profanos costumes, viver uma Era coordenada pelo repúdio ao acto de sexualmente assediar um terceiro, sempre masculino.
Sim, parece que quando se fala no acto de assédio o homem é o agressivo vilão e a mulher a indefesa vítima.
Não fosse esse padrão masculinizante do que é uma deturpada Sociedade que busca a igualdade de género e a paridade salarial, diria que a diatribe sobre esse facto revela mais o reverso dessa moeda do que uma verdade consequente.
Sei que o presente se faz de passado e não posso reduzir tudo à actualidade, mas – e lendo a crônica #metoo de Clara Ferreira Alves – minorar a mulher a um redutor papel de vítima da Sociedade faz-se crer se as próprias não são elas também misóginas num mundo de privilégios masculinos.
Mas não me tomem como defensor de quem não merece defesa pelos seus actos, assim como condeno veementemente toda e qualquer forma de assédio sexual cuja prova real seja feita sobre facto. Agora não podemos dizer querer viver numa Sociedade onde mulheres pedem igualdade, paridade, equivalência, para depois o comportamento que deliberadamente têm as levar a ser as vitimas face a agressivos vilões.
Entendam-me, um não é um não – simples de perceber como no vídeo viral sobre o chá – mas quando a Sociedade se constrói baseada na erotização do comportamento feminino e no antagonismo predatorial do homem, o chavão ocorre no esbater dessa permissividade.
Pode o homem assediar a mulher contemporânea sem que a mesma se saiba disso defender?
Ou é o acto de denunciar em si a defesa pela tentativa em assediar sem sucedido?
Afinal quem tira proveito de quem?
#NOisNO mas há quem o diga como talvez.
Bebam chá.
Considero que o coincidir excessivo de casos semelhantes e similares indicia mais o oportunismo parcial que o acto ocorrido.
Sei que quem cala consente, mas mais parece que estamos numa ruidosa expiação cheia de intuito e vontade. Hoje vive-se em consequência da geração Hippie, dos yuppies, da androgenia dos ’90 e das Ashley Madison, Tinder e Grindr’s que se sucederam. O assédio é uma dickpic vertente sextortion para ganho político ou monetário. Quem paga consente, quem denuncia vitimiza-se.
(desculpem-me, sou latino e vivo num país onde se criminaliza o piropo, essa arte que ensina a auto defesa verbal a todos!)
E nisto surge Kevin Spacey.
Um caso que se passa entre homens, sem mulheres, e até invoca memórias de assédio com menor em extremos de embriaguez.
As reticências que me assistem são maiores que as resposta que consigo encontrar.
Desde logo estranho o longo silêncio da vítima original, à época um menor, 14 anos, envolvido no que poderia ser um dos avisos que Corey Feldman tem feito ao longo dos anos sobre Hollywood e a pedofilia existente. Mas não, é algo que se estranha e não entranha, desde logo por não ter um embasamento maior que a memória difusa e dois actores que se assumem como homossexuais num ganho e perda face a uma comunidade dividida por gerações onde a ocultação por proveito próprio é algo a ser abatido.
Logo o temperamento do actor surge como assédio e até tentativa de violação onde a prova nunca é mais que a palavra dada sem que honra haja.
Indiferente, o juízo público está feito.
Num instante de memória Spacey lembrou-me Fatty Arbuckle e o escândalo sexual que afinal não passou de uma mentira fabricada com o intuito de lhe extorquir dinheiro ao mesmo tempo que lhe matou a sua carreira na Hollywood do cinema mudo.
Os tempos são outros, mas parece que as vontades são iguais.
Falta de chá!
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