A 25 de Fevereiro de 2015 escrevia em rede social:
As verdades condicionantes das Liberdades condicionais da Vida Humana sempre foram algo inatingível para a maioria. Apenas nós, neste reduto da ignorância impenetrável da vontade opositora de quem não se enxerga ou olha no espelho, não consegue reconhecer a distância absoluta da vida que tem em comparação ao que é a dos outros, iguais a nós, na biologia, no pensamento, mas não na liberdade das vontades que se querem livres.
Pensar é acto livre interno, dentro da cabeça, da criação, não no acto físico. Nunca foi.
Isto até ao acto se transformar em atitude. E essa é mudança, da adaptação imortal que a Raça Humana fez, faz, fará, sempre, desde o momento em que, saído da matéria primordial, percebeu que na sua existência, raciocina.
Vamos raciocinar?
Um curto texto sobre existencialismo que parece, a cada momento que passa, ressonar mais com a realidade que vivemos.
Ainda recentemente estive em breve conversa, quase mono-monologo de pergunta resposta curta feita solilóquio – passando o redundante que toda a introdução acaba de ser – com uma cidadã Norte Americana de visita à Europa pela primeira vez. País escolhido, esse onde Madonna habita, Web Summit ocupa calendário e os prémios de estilo e estatuto se acumulam.
Por algo comigo veio falar, e por algo decidiu logo me perguntar a questão mais dura sobre esse seu país que em confronto entra com a contra-cultura Europeia do #metoo unilateralista.
Se de mim esperava que à sua ‘how do europeeans see the #metoo movement?’ uma resposta em concordância e uníssono da vítima sensacionalista, nada mais poderia encontrar que ecos desse meu Europeísmo que procura responsabilidade e não culpa.
Frisei-lhe essa visão competente das sociedade que não vivem em puritanismo bacoco como arma de arremesso e vendetta Social como estigma de um passado sem muita história.
Lancei-lhe antes a questão: “Minorar a mulher a um redutor papel de vítima da Sociedade faz-se crer se as próprias não são elas também misóginas num mundo de privilégios masculinos.”
Citei Bardot e Deneuve. Dei-lhe a ver assédio, oportunismo e chá, a dicotomia de quem vive em meio de tantos, tão diferentes, mas que no fim não trabalham para a clivagem.
O olhar esgalhado via-se enrubescer as faces que não escondiam o rumo que a conversa levaria, no travar daquilo que o acto de raciocinar permite quando a vida de se chegar a uma determinada idade e distanciamento não fazem quando a proximidade tolda o pensamento.
‘And you know something – and I don’t like him – I think that having Trump as President is the best thing that could happen to the USA!’
Nesse momento a actitude da interlocutora transformou-se tal qual camaleão prestes a se denunciar por incapacidade de se adaptar às circunstâncias.

Evidente que Trump é o melhor que poderia acontecer à, considerada, sólida Democracia Norte Americana. Quem jamais imaginou que ele seria o mal necessário para expor, de todas as formas, como aquela que se denomina a cadeira do poder mundial, é tão frágil ou igual a qualquer outra, bastando para isso estar ocupada por um imbecil encartado?
Porque veja-se, se não fosse por ser Trump Presidente, o movimento #metoo não seria o que é, a clivagem Social e a polarização que agride a presente Humanidade Ocidental, revelando em como a dita mudança das mentes, a eterna adaptação, é mais do que necessária, se queremos continuar a viver de uma forma em que se congreguem valores de proximidade e não de afastamento.
Evidente que nada disto chegou a ser dito.
Ela não escutou mais do que eu lhe dizer que ‘Trump is a necessary evil”, partindo em clara discórdia, mas mantendo a sua frieza juvenil no desagrado de me cumprimentar com dois beijos e não me dirigir palavra o resto da noite.
Creio que não, mas espero ter sido eu o seu mal necessário.
Raciocinará ela?