Olhar e por de parte aquilo que não é útil faz do homem o ser que melhor discerne aquilo que lhe falta em detrimento daquilo que faz. Todos somos iguais numa essência antropológica, mas culturalmente diversos, múltiplos e ímpares.

Agora é tudo assédio, sexual, conjectura de violação nunca falada por nunca ter ocorrido.
Ou até pode, mas não é para aqui chamada.

Já antes o escrevi, e diga-se que foi o texto mais lido no ano passado, sobre esta revanche feminina num mundo masculino.
Do poder, considerado, subalterno que sempre dominou a reprodução e agora mostra – finalmente – o seu papel principal.
Mas por conter essa nuance vingativa é que os seus frutos amargam e mostram a falácia que a sustém.

Catherine Deneuve foi a primeira a verbalizá-lo, numa linha mais Europeísta e menos venal, onde o politicamente exacerbado não choca com o choque cultural presente.
“O direito masculino de “importunar” uma mulher é essencial na liberdade sexual
E Brigite Bardot confirma o óbvio de uma Sociedade, até agora, masculina.
Mas o assédio está aí.
Harvey Weinstein foi o primeiro grande tombo, onde outros se seguiram até à memória de Polanski, Allen e quem se seguirá.

Mas do 8 ao 80 – ou de um 8° pecado aos 10 Mandamentos – vai mais do que a mera compreensão individual. Vai o indivíduo plural, a vida e a morte, o fio da memória conexa.

O que fazer com a arte dos homens monstruosos? Ou dos Homens, num plural dez Humanidade, pergunto eu?

É que o que nos vai na mente, enquanto adolescentes, é aquilo que prossegue de forma latente enquanto adultos. A involução ocorre no próprio instante desse entendimento e descobrimos que somos umas crianças pequenas aprisionadas em corpos crescidos e com funções adicionais para as quais não estamos preparados.

Trump não é racista, nisso a sua ex-mulher tem razão, e num feroz contra ataque o define: “Silly“
É um idiota, insensível ao que em seu torno decorre enquanto a atenção for toda para si. Ele é uma pedra que se afunda, nesse charco que disse querer drenar.
No fundo como nós, essa pedrada no charco do desenvolvimento e dela fazemos razão oblíqua do entendimento de vida. Existimos e por tal somos. Complexos e complementares. Sempre na retaguarda de um antecedente como justificativa.

Leia-se o texto de Claire Dederer.
É Woddy Allen o culpado, ou Soon-Yi Previn parte da culpa? Afinal não é tudo responsabilidade?
E a filha que disse ter sido violada, Dylan Farrow, faz mais de vinte anos, que agora fala porque lhe dão vazão para ter razão.
Terá, ou é o Spotlight que se lhe dá?

Sobre Kevin Spacey digo o mesmo, porque com o comediante Aziz Ansari fica claro como destruir a reputação de alguém parte do princípio arbitrário da crença e da plataforma.
O assédio existe quando o consentimento termina. Mas sob proveito próprio, não vá o sexo oral derivar em algo mais…

Se a vida fosse programada e a existência frugal de cada um uma ameaça de morte iminente, qual seria então o sentido de se viver sabendo de antemão a finitude dessa mesma vida. Pensaríamos mais nos actos ou nas suas consequências? Teria Allen feito o que se diz que fez? Ou Spacey?
E Aziz? Fez ou lhe foi feito?

Fire Post.gif

Michael Crichton descreveu-o da forma mais inteligente, ou na verdade “thintellingence” – Ténueteligência, inteligência ténue em livre tradução minha -, olhar o detalhe sem ver o todo, imediatismo com causa sem consequência.
Não estamos todos ‘Lost in Translation’ dentro do movimento #metoo, com crachás de suporte e apoio, sem na verdade ver que os monstros vivem em nós, actos falhos de epifenómenos cristalizado no tempo?

E o excesso de zelo decorrente destes epifenómenos mostra bem isso, um foco assassino que no final não faz mais que periodicamente matar para logo ser esquecido em detrimento da próxima pequena morte, tal qual orgasmo gerador de vida.
Felizmente há sempre outro epifenómeno que justifica a ténueteligência do anterior: os anti-natalistas. E que assim seja. Estamos a mais, vasectomia nos que se reproduzem e o mal corta-se na raiz machista. (ou será masculina?)
Que siga esta queima de arquivo.

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