A repetição cíclica da História, sempre nessa espiral progressiva que a cronologia nos permite, mostram em como no passado sempre se esconde a pista para o que aquilo que na actualidade se passa, já no passado em retrospectiva semelhante se passou.
Se mais duvidas houvesse, esse é um dos temas basilares do livro que escrevi acerca da queda do Grupo BES/GES, onde tudo já antes se viu passar, nessa acrítica visão que o esquecimento faz parcimónia corriqueira.
Mas aqui tudo pára e surge nova temática.
Há América, Estados Unidos, factos alternativos, Kellyanne Conway, Steve Bannon, fake news e um Presidente chamado Trump!
Se a articulação política contra a ordem executiva assinado por Trump, banindo a entrada de imigrantes e cidadãos vindos de sete países de maioria religiosa Islâmica, não é sinal de que a vigência de Trump já está a produzir bons frutos – mostrando em como a sociedade é muito mais ecuménica do que se supõe -, o facto de ter sido preciso ser a Chanceler Alemã a ligar-lhe para dizer que o mesmo infringe os Tratados de Geneva explica em como o isolacionismo Norte Americano afinal até está a ser muito bom para a unificação do resto do planeta.
Mas Trump é o pato-bravo populista onde o afecto e afeição lhe são feitos passar como mão pelo pêlo, nunca aceitando o não como resposta jurídica onde a falha é a verdade da sua verdade.
É dito e feito, Sally Yates, Procuradora Geral Adjunta dos Estados Unidos, seguindo a Constituição Norte Americana contraria juridicamente a ordem de Trump impedindo a aplicação da ordem Presidencial.
E o Presidente Reality Show Star não faz mais que lhe gritar: You’re Fired!
No entretanto, entre manifestações que a Conselheira de Estado Kellyanne Conway diz residuais face à percentagem de pessoas afectadas pelo barramento anti-Constitucional, Trump apresentou o seu candidato a Procurador Geral, Jeff Sessions, um Conservador representante do Alt Right que suporta a nova América que agora se mostra.
Mas se até parece que esta última semana (na verdade a sua primeira) de Donald no lugar mais poderoso da Democracia mundial nada nos tem para ensinar, há essa memória histórica que insiste em perseguir a quem no passado busca as suas respostas para o assertivo erro presente.
Quando em Outubro de 1973 o Procurador Especial Archibald Cox, escolhido para investigar o assalto à sede do Comité Nacional Democrático, envia uma intimação a requisitar as gravações tidas pelo Presidente Richard Nixon na Sala Oval, vê-se envolvido numa trama política que leva à sua demissão.
Nixon, que primeiramente concorda num compromisso para que as gravações sejam tornadas públicas mediante uma prévia censura, não encontra respaldo no Procurador que tinha total suporte Constitucional.
No sábado 20 de Outubro, naquele que ficou conhecido como o Saturday Night Massacre, o Presidente busca demitir Cox através de um dos seus Procuradores, facto que não só fez com que os seus Procuradores Geral e Adjunto se demitam em protesto, como foi preciso ser o Solicitador Geral dos Estados Unidos – cargo não vinculado ao processo – a desempenhar a função de despedir Cox.
Basta dizer que o massacre de sábado se tornou no massacre pessoal de Nixon.
A 14 de Novembro foi declarada a ilegalidade da demissão de Cox e começou todo o processo de impeachment que derrubou Richard Nixon.
A memória Histórica não termina aqui e ao passado presente volto.
Sally Yates, aquando das sessões para confirmar a sua nomeação para o cargo de Procuradora Geral Adjunta, respondendo justo à pregunta de Jeff Sessions acerca de ter que confrontar o Presidente Norte Americano com um hipotético ‘não’, diz-lhe que a sua obrigação é defender a lei e a Constituição.
Resta saber, agora que os dois anos de graça Republicana duram, que ocorrerá quando o Congresso for a votos e uma (hipotética) maioria Democrata regressar.
Haverá gargantas profundas, pussies agarradas ou um Presidente apto a ser impeached?
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