Esta foi uma agitada semana de sobreposições.
Os coordenados cronistas panfletários já tinham as suas crónicas preparadas com o habitual fel – agora Natalício – pronto para ser publicado aquando se dão os inesperados ataques Terroristas por esta Europa descoordenada no seu terceiro pilar.
Como o 3º pilar se mantém refém da desunião que a monetarização não faz monotorização, aqui deixo eu a minha crónica pré Natal, pós verdade.
Fala-se muito de como as redes sociais, em especial essa de Zuckerberg, são as culpadas da imensidão de falsas notícias que minam os feed que a maioria de nós tem e segue como o seu ‘jarvis‘ pessoal informativo.
Verdade seja dita que não são os portais de fake-news os verdadeiros culpados pelos click-baits que enchem os nossos dias com promessas conspirativas pelo último escândalo ou a coisa mais irrelevante feito achado de oportunidade. Se culpados há, são os verdadeiros canais informativos que, para se combaterem uns aos outros no número de visualizações – os famosos cliques que os patrocinam pois ninguém na verdade mais quer pagar por ler um jornal em papel, ou mesmo digital – ao despedirem os verdadeiros jornalistas colocam no seu lugar meros estagiários (ou nem isso) para fazerem um apanhado momentâneo daquele sumo que renda uma verdade que pague as contas mas ninguém verifique autenticidade.
A tupperware society adora e revê-se na sua triste consequência inebriada de se achar tão igual aos seus políticos, administradores públicos ou responsáveis bancários por eles serem agora culpados de crimes que antes não lhes tocavam.
Esta é a Sociedade igualitária onde o Justicialismo é a base ideológica.
Trump logrou vencer assim porque Hillary se convenceu que desmontar a sua companha difamatória valeria a pena.
Verdade seja dita, não mereceu a pena, porque o politicamente correcto agora apenas existe na aferição do que sustenta a minoria naquilo que ela acha ser um insulto. E se na memória histórica concebo ser verdade, na idolatria de aquisição, percebo porque Trump é eleito.
Vejamos o paradoxo.
Dizem, pois já nem perco tempo a encontrar betes noires, que Isabel Moreira fez grande barulho com os sucessivos artigos de João Miguel Tavares sobre o seu uso de palavras com conotação depreciativa homossexual.
Sejamos sinceros, é uma sáfica a falar com um enrustido. Se uma se tatua para falar mais alto, o outro enrola-se quando não consegue pronunciar as ‘palavrras’.
Maldades à parte, mas afinal que contém em si de preconceituoso o preconceito em si?
A interpretação e uso das palavras advém das diferentes culturas e de como é feita a sua utilização.
A base de exemplo prático, a palavra gay cuja etimologia remonta ao latim gaiu, adaptado ao francês arcaico gui, sendo depois apropriada em inglês como gay, não tinha originalmente nenhuma conotação sexual. Era usada para designar uma pessoa espontânea, alegre, entusiástica, feliz, e, nesse sentido, pode ser encontrada em diversas obras de literaturas americana, sobretudo as anteriores à década de 1920.
Evidente que o preconceito actuou e a palavra entrou no vernáculo com esse duplo sentido, transformado em agressão. O facto é que a comunidade se apropriou do mesmo é fê-lo seu.
Hoje em dia ser-se gay não é mais insulto na medida em que não se permita sê-lo.
Quem se convença que é um insulto é porque o preconceito em ser chamado de gay está dentro de si e não na palavra.
Poderia dizer o mesmo da palavra preto, mas esse tema abordei quando escrevi sobre a Masturbação Racial que ocorre na Sociedade, onde os termos pejorativo contêm em si uma marca histórica indelével.
Agora ser chamado de maricas, cuja a origem advém dos ‘maricas-pé-de-salsa’ como medricas, parece-me estarmos a chegar a um ponto de politice rectam sem lógica ou razão.
Eu pessoalmente quando era miúdo, ao conversar com o meu avô materno perguntei-lhe se um paneleiro era o homem que fazia panelas, razão que o fez oferecer-me um desenho do “paneleiro como aquele que faz panelas”. É que na verdade até é, até que alguém lhe decidiu colocar o enfase do calor em determinado local!
Pós verdade, portanto…
Mas este tema das verdades que não são bem o que parecem, ou que se fazem parecer ser, e já que eu, uma pessoa espontânea, alegre, entusiástica e feliz toquei numa sáfica, irei tocar em outra que poderia ganhar mais um prémio, não fosse amealhar tantos quantos aqueles pelos quais ficou conhecida ao insultar a Bava alheia.
Óbvio que falo Mariana Mortágua, a prestigiada Bloquista que foi galardoada pelo jornal digital Observador como Figura do Ano em Economia.
Por onde começar com aquela a quem eu escreverei mais artigos aqui na farpa.com?
Bem, falarei de rankings. Se para Mariana (e sua irmã) os rankings Nacionais da Educação Portuguesa do anterior Governo foram questionáveis, que direi eu dela estudar na prestigiadíssima The School of Oriental and African Studies que se encontra na #252 posição entre as 300 mais prestigiadas instituições a nível mundial. Acho que só lhe salvou o facto de ser em Londres e fazer parte da University of London.
Mas é evidente que quando se fala de economia não posso deixar de falar nas gloriosas referências capitalistas que são mencionadas ao longo da entrevista por Vitor Matos, um jornalista que até é mais partidário dos ideais da entrevistada.
Entre escassas e vagas ideias daquilo que poderia ser uma visão totalitarista da economia regida por um Big Brother – sem vergonha de ir buscar a quem tem – Mortágua, fala-se de um McBook, um mp3, um iPhone, e claro, de um capacete com uma mota a condizer (uma Honda CB500 – seja lá isso o que for!).
Se a entrevista não fosse séria, diria que tudo seria parte de uma agenda mediática construída em torno desta pós-verdade criada para gerar cliques enquanto se destrói a personalidade de alguém que se crer genuinamente inteligente quando nem esperto logra ser.
O nível de ingenuidade é tanto que a supremacia da ingerência passa pelas cervejas civilizadas dos países da austeridade e pela referência babada à sua ida ao FMI para discursar sobre uma verdade tão básica como qualquer aula de primeiro ano em economia para totós: “O problema são as chamadas zero bond, taxas de juro que estão em zero por cento”
O problema de Mariana é que ela é a própria pós verdade que cita, em Portugal, pelo comportamento descrito, é parte dos 1% mais ricos. Nem Thomas Piketty o descreveria tão bem.
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