Desde logo há algo de estranho e condicionado no título que faz um reflexo óbvio e concatenado perante quem, na sua condição de instruído (ou melhor dito, estudado) responde que não foi com macacos que Ivan Pavlov, o filósofo Russo, fez a sua famosa experiência para prever a salivação canina face ao som de uma campainha que previa a chegada de comida.
Introduzida a aclaração, descondiciono o condicionamento que faço a seguir.
Longe vai a separação que fez do Homo Habilis o primeiro primo que geneticamente se afastou dos grandes macacos, em especial do chimpanzé, à cerca de 2,4 a 1,8 milhões de anos atrás, para determinar que o nosso condicionamento enquanto a auto-determinada espécie mais avançada no planeta não se condiciona. Bem vistas as coisas o último salto genético que nos permite ser Sapiens ocorreu h meros 200 mil anos.
Esse salto de gigante, transmutado no desejo de superação onde o sonho ainda existe, pode-se resumir não nos pequenos passos que o Homem dá, mas nos grandes avanços que a Humanidade busca dar.
Aliterações à parte, já que o próximo destino é Marte, é na Terra que os macacos ainda, e só – até prova em contrário – existem.
A política é a arte do possível.
Dito isto, toda a vida é a arte do possível, sendo que só através do sonho nos condicionamos a acreditar no impossível.
Aqui entra a Democracia, a Educação e a base para o novo experimento que um hipotético Pavlov faria com estes descendentes de macacos, nós.
O reflexo do estimulo-resposta nunca antes se tornou numa previsibilidade tão previsível.
O pleno objectivo de vida estagnou-se na verdade absoluta de que o pináculo máximo é lograr um título académico, esperançosos de que isso abra as portas para recompensar esse investimento monetário que durante anos foi feito e previsto sobre nós.
Quando a adversidade se torna implacável, a culpa é acessório de um sintoma óbvio: o culpado é aquele que mais tem, do mais privilegiado, de quem a ser quem é não pode sê-lo.
A Sociedade torna-se expia dos seus bodes. É vilã e abstinente de fazer força de Lei, optando pelo facilitismo fanático do populismo.
O possível que antes era uma arte faz-se impossível de um sonho malogrado.
Os cursos são Novas Oportunidades de se forjar passados humildes e ascende-se a posições onde a meritocracia se chama nepotismo.
Ao trabalho chamamos emprego. Aos políticos e patrões, corruptos. Aos bancos e seus chefes, ladrões.
Como vivemos da necessidade e o sonho se esvai no que poderia ser Esperança, o reflexo face a este estimulo é sempre o mesmo e nada parece mudar. Acata-se o que há e a cada geração que renova um grupo de adestrados macacos Pavlovianos, estimulados a assim serem tratados, a fasquia não só baixa como rebaixa todo um nível de capacidade e decisões a tomar.
Pede-se 98% de precisão esquecendo os 100% que nos tornam Humanos.
Esse factor que nos faz falhar, errar e não estar condicionados a um movimento reflexo que nos extingue as emoções.
Não é por um reflexo condicionado que uso inúmeras referências ao 2001: Odisseia no Espaço quando ilustro as crónicas aqui escritas. Faço-o nesta consciência de que a ferramenta deve servir como a mudança do Ser, nunca torná-lo seu subserviente.
É que sem uma base de Educação e Estudo, de Turcos Mecânicos, seremos um dia ‘Eu, Robô’.
Republicou isto em O LADO ESCURO DA LUA.
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