Diz a deputada Bloquista Mariana Mortágua que um colectivo insdistinto anda a distorcer as suas palavras acerca da taxação da riqueza como se isso não fosse o mesmo que taxar a poupança.
Num esclarecimento igual à sua capacidade literária, Mariana explica a ampla diferença entre os dois conceitos através de exemplos escritos em três tweets, consagrando no último que “Ricardo Salgado-riqueza acumulada. Trabalhador de banco-poupança.Diferença? O 2 já paga mts impostos e o 1ñ.”
Evidente que a “lição ministrada do alto do legado histórico do trotskismo ou de uma qualquer seita comunista heterodoxa” – como brilhantemente descreveu o Socialista Sérgio Sousa Pinto – apenas demonstra em como a deputada Bloquista ou acha que a maioria dos portugueses se encontra num histórico passado de iliteracia, ou de facto dizer que dinheiro acumulado não é em si mesmo poupança, é querer reescrever todos os dicionários.
Senão vejamos:
Riqueza s.f.
Qualidade do que, ou de quem é rico; opulência, abundância de bens, de fortuna.
Bens materiais, de valor: possuir muitas riquezas.
[Figurado] Cópia, fartura, abundância de qualquer coisa: riqueza de imaginação.
Fertilidade, fecundidade: riqueza do solo.
Ostentação, luxo, fausto: a riqueza dos templos antigos.
Poupança s.f.
Economia; ação de poupar, de economizar; moderação de despesas.
[Por Extensão] Depósito bancário cujo dinheiro, por não ser movimentado, acumula juros e recebe correção monetária: caderneta de poupança.
[Informal] Sovinice; qualidade da pessoa que não gosta de gastar, de quem prefere guardar o dinheiro.
[Economia] Parte da renda não aplicada a serviços ou bens de consumo.
Como se compreende, sem esforço de intelectualidade exacerbada – ou em proveito de lógica para totós – o acto de poupar, nomeadamente no que concerne à Economia, é justo aquilo que permite a geração da riqueza. Fazer com que uma coisa não exista sem a outra é o mesmo que narrar o absurdo de quem veio primeiro: o ovo ou a galinha, quando faz uso dos dois para confeccionar um panado de frango.
Culinária à parte, aquilo que Mariana tenta iludir, fazendo referência dogmática num uso ideológico ao nome de Ricardo Salgado, é dividir os extremos da riqueza como se a existência de impostos progressivos já não fosse uma realidade aplicada em Portugal e essa franja de 1% – os mais ricos dos ricos – não pagasse absurdos saques fiscais.
Só que aqui entra o esbulho fiscal que o governo das Esquerdas não revela acerca da concreta realidade entre o que é ser rico e poder poupar.
Quando o próprio Ministro das Finanças – neste caso o verdadeiro – Mário Centeno alude que quem recebe 2000€ líquidos por mês se pode considerar rico em Portugal, a definição de classe média é essa sanfona que se dilata num aperto muito constrangedor.
Salários verdadeiramente milionários como os ditos ricos auferem não são uma realidade corrente. Já ter um património imobiliário que ascenda, num total de agregado familiar, a 500 mil Euros não é nada por ai além
Até o juiz Carlos Alexandre – persona non grata numa cambiante realidade sofismática -, definindo-se como espartano em dinheiros, assume ter património individual nesse valor.
Evidente que o estranho de todo este caso – porque isto não passa de mais um fait divers bloquista – é o porque não aplicar estas medidas de impostos e transparência a todos os cidadãos portugueses.
Seguramente Mariana não teria problemas em fazer um escatológico exercício em demonstrar em como o seu agregado familiar, nessa herança patriarcal, é de origem humilde e honrada, nada tendo a ver com uma reforma agrária que aos que antes pouparam se viram espoliados da sua riqueza.
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