É com espanto a reacção acerca dos relatos vindos da Turquia sobre a idade do bombista suicida que se fez explodir num casamento na cidade turca de Gaziantep, provocando pelo menos 51 mortos, visto ter apenas entre 12 e 14 anos.
A Sociedade Ocidental – aquela na qual me insiro e vico – tem esta virtude da inocência inerente dedicada à juventude pura e casta dos que entre nós são menores de idade. como pode alguém assim jovem, seguramente com uma perspectiva de vida, decidir optar por uma saída que, a nós, nos pareça tão extremista, bárbara e terrorífica?
Vemos-nos regressados a uma idade de confronto, entre a análise interna de um tempo que por nós passou e esse vislumbre paterno que sobre um olhar místico de contestação, nunca nos assegurou essa resposta contundente. Estamos perante uma nova idade dos porquês, onde a lei da razão passível não é factível nem tem nexo.
O pressuposto literário não é analogia correcta, ou sequer cordata, para assimilar uma verdade que nos pareça imposta.
Cremos na Liberdade sem perceber que a mesma não se impõe, antes se aprender a viver após ser dada como uma conquista.
Mas vejamos, nem sempre assim o foi, é ou será.
A juventude transviada não precisa nascer por acto ou consequência de ver Alan Kurdi’s ou Omran Daqneesh’s em cenários dantescos onde a proximidade se recria pelo afastamento. Por vezes surgem de espontânea geração sem explicação plausível apenas porque sim.

Todos assassinos, alguns profissionais, outros a soldo, uns Ditadores, outros meros criminosos encarcerados.
Olhar para uma criança e ver nela, só e apenas, inocência é um delito tão grande como olhar para o outro e achar que nele existe uma diferença baseada no nosso preconceito. É errado.
Pode uma criança com 12, 14 anos, ter convicções de Fé para se fazer explodir achando que esse é o seu fito pessoal? Seguramente que sim. O seu passado, ainda que muito curto, ninguém sabe.
Ninguém pode determinar o rumo de vida que levou alguém a chegar a um determinado momento e escolher algo assim.
Se assim fosse, nenhuma das crianças que antes citei – Imperador Hiroito, Benito Mussolini, Adolf Hitler, Joseph Stalin, Bashar Al-Assad, Osama Bin-Laden, Saddam Hussein, KIm, Jun-Ill, Alexander Pitchuchkin, Ted Bundy, Jeffrey Dahmer – deveria ter tido as chances de vida que teve para cometer os ilícitos que cometeu.
O erro não recai sobre elas. Antes sobre uma Sociedade que vive num autismo permanente em busca de uma justificação.
Ela não precisa de existir. Precisa-se antes encontrar um fio condutor que elimine a necessidade da geração futura encontrar no extremismo a sua fuga para um futuro melhor.
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