Quando a Noção de Igualdade se confunde com Justiça, perante uma Sociedade onde os valores são feitos hierarquia monetária, que melhor solução que capitalizar todos com um rendimento mínimo?
Perante a abjecção que se assiste de ver países como a Holanda, Finlândia e Suiça irem votar uma suposta igualdade Social mascarada de rendimento salarial para todos, onde começa o valor pessoal de cada um e onde termina a preguiça de se inserir numa Sociedade que criará mais dependentes dos tais Direitos Adquiridos que tanto se impõem numa pauta sem par?
Não defendo, de todo, uma Sociedade egoísta e centralizadora, mas não posso deixar de lembrar esse texto, quem sabe muito ingénuo, que escrevi em Janeiro de 2015, Lotaria da Vida.
Nele falava dos contratos que assinamos ao longa da vida mas que nunca lemos. Sobretudo desse primeiro, nunca nos apresentado e que nos diz: nasceste, vais viver, e como consequência dessa sorte, acabarás por morrer.
Os fenômenos de desespero que a sociedade hoje vive advêm muito daquilo que ali escrevi. Assinamos demasiados contratos. Não os lemos ou sequer sabemos o que lá está escrito.
Pior, delegamos responsabilidade a terceiros para que tenham essa prerrogativa.
O resultado é sintomático e as Instituições revelam bem o estado da Sociedade.
Sinto dizer que em consequência disso se vive, de facto, a ditadura das minorias.
Portugal é um exemplo perfeito da solução prática aplicada.
O facto de não se conseguir estabelecer uma maioria política que Governe com a pressuposta estabilidade que um programa sufragado nas eleições – aquilo que de facto vai a votos -, cria este fenômeno actual que se vive. Unem-se distintos partidos de Esquerda cujas ideias, para não mencionar ideologias, não se cruzam numa totalidade.
Assinaram-se acordos que criaram uma base negocial opaca onde a legitimidade do voto popular deixou de ter qualquer valor directo.
Enche-se constantemente a boca para referir a Constituição e a sua legitimidade, mas a erosão democrática tem sido enorme.
Tem uma abrupta graça ter sido Pacheco Pereira no XXIº Congresso do Partido Socialista dizer que “O problema é a degradação da democracia”, sendo que o partido que ele, aparentemente, apoia é aquele que, pela mão do Primeiro Ministro António Costa, tem sido o responsável por essa degradação.
Desde o dia em que ele firmou esse pacto secreto e sigiloso com as Esquerdas sem que as suas clausulas fossem discutidas de forma aberta e plural que o país está entregue a uma ditadura minoritária que tem exercido as suas vontades unilateralmente sobre a Sociedade e as suas Instituições.
Há um ano e meio, no dito texto sobre a lotaria da vida, ainda não havia geringonça ou caranguejola, já eu me deparava sobre esse tema que agora parece surgir.
Ali escrevi;
Olho de novo para o meu contracto, leio as linhas pequenas no sopé da página.
Será que estou a pensar, ou a deixar que outro alguém pense por mim?
É que a solução de rescrever o contracto, gerando uma reacção à minha acção, desencadeada pela perversão emocional, pode ter consequências adversas.
E adversidades que não posso controlar, acho que já me bastou a sorte da ‘lotaria da vida’.
Será que vamos ter sorte com estes contratos?
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