Por vezes temos que nos abstrair do que é a ideologia política que distingue o alicerce de uma escolha Democrática para irmos directo à ideia política baseada nas considerações práticas do interesse Nacional.
Simplificando, há que ir à realpolitik.

O termo é clássico e surgiu no século XIX quando o escritor e político alemão Ludwig August von Rochau, cunhou as ideia de Klemens Wenzel von Metternich, diplomata e estadista do Império Austríaco, para se encontrar caminhos de equilíbrio nas relações do poder imperialista ao nível Europeu, mas foi o Chanceler Otto Von Bismarck quem colocou em prática o acto desta política realista ao assegurar a maioria da Prússia na Alemanha, manipulando questões políticas em antagonismo com outros países, possivelmente com intenções bélicas.
Claro que após Bismarck, a ideia de uma política de acção quase maquiavélica, sem dar muita importância a questões éticas, morais ou legais tornou-se regra na forma como as Grandes Nações poderosas lidavam umas com as outras, prescindindo das suas ideologias vigentes.

E se na mesa da negociação da realpolitik não existe a preocupação da negociata ideológica, a verdade é que as ideologias se vêem muitas vezes atropelados aos olhos dos Direitos Democráticos, senão Humanos, sacrificando ganhos políticos de curto prazo em prol de ideais de longo alcance temporal. É aparentemente mais suja, mas numa leitura a la longue, mais realista.

E é aqui que entra a questão premente em Portugal: a Espanholização da Banca.

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E evidente que o mercado Nacional é fraco. A Industria não sustenta um País que tem uma maior importação que exportação e uma banca superdimensionada para o número de depositantes.
O quadro não é propriamente difícil de ser analisado, sobretudo à luz dos últimos anos, 4 falências bancárias, seis capitalizações externas, duas reestruturações e muitos despedimentos depois a Banca Portuguesa é um flagrante delito na falência da realpolitik que não foi feita.
Se após 1 de Janeiro de 2016 o BCE tomou para si a supervisão bancária a nível Europeu, tornando quase obsoleta a existência do Banco de Portugal na sua grandeza, o facto é que a regionalização por áreas macroeconómicas é a nova fronteira Europeia.

O nicho Ibérico faz sentido geográfico mas não geopolítico. Além dos dois Países Hermanos nunca o terem sido de verdade, a discrepância entre mercados, a sua dimensão e capacidade, torna a sustentação do equilíbrio uma iniquidade total.
A dita Espanholização da Banca seria justo isso, ter Portugal integrada na macroeconomia de Espanha, sendo que o investimento Espanhol, muito maior e rentável, seria feito, ele também, com o dinheiro e risco dos depositantes portugueses.

Mas e no reverso desta moeda? Não existe a teoria cleptocrática da Angolanização da Banca Nacional se Isabel dos Santos, filha de quem é, for a maior accionista do BPI, ou entrar no capital de outros bancos portugueses?

Evidente que sim, mas aqui entra justo a cartada política maquiavélica, despudorada até, da realpolitik.
Há que fazer uma abstenção total do que se pode pensar da filha do Presidente de um País onde a corrupção é arma de arremesso e troca entre as cúpulas de poder e a sua necessária sucessão. Garantir que a banca Portuguesa fique, politicamente, dentro de uma esfera externa ao controlo Europeu, nomeadamente ao Espanhol, onde Portugal perderia a sua capacidade negocial, é uma visão a la longue mais precavida e importante do que qualquer problema criado com uma empresária Angolana cujos negócios financiados por bancos portugueses, estão todos em território Nacional.

Mas a procissão vai no adro e a estranha convocação mútua (?) a São Bento para resolver o que se tornou num impasse, pode ser causa e consequência de Mario Draghi ter aceitado vir ao primeiro Conselho de Estado do Presidente Marcelo.

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