Todo o enredo político jornalístico entregue a uma crispação nas redes sociais sobre a homossexualidade no Colégio Militar me remete a essa fascinante cena do filme The Birdcage (1996) quando o Drag Queen, Albert Goldman, vestido de mulher para conhecer o ultra conservador Senador Kevin Keeley, futuro sogro seu filho adoptado, justificava a existência de homossexuais no exército com uma divertida mas profunda reflexão para a era Clinton:
“You know, I used to feel that way too until I found out that Alexander the Great was a fag. Talk about gays in the military!”
Se em meados dos anos ’90 o ‘Don’t ask, Don’t tell‘ era a norma Norte Americana para tratar a presença – há que dizer – natural de homossexuais entre as fileiras de Homens nas Forças Armadas, pensar que tal facto nunca antes havia existido é sinónimo de estupidez.
Claro que se pode disputar se Alexandre Magno o seria, é suposição, mas se não o fora ele, seguro havia outros, negá-lo é pura ignorância e ser, de facto, contra-natura.
Mas e a dita pseudo-polémica gerada em torno da reportagem choque que o Observador empolou sobre ‘Gays in the Military School’? A verdade é que, tal como antes já o havia dito, a entrevista, que agora foi disponibilizada em áudio, torna tudo ainda mais constrangedor e com honras de demonstrar a hipocrisia dessa que se diz defensora ‘ad sofrível’ dos gays, Isabel Moreira, a protagonizar um inédito para mais tarde lamentar.
O director de Educação do Comando da Instrução e Doutrina do Chefe do Estado-Maior do Exército, Major-General Fernando Joaquim Cóias Ferreira, admitiu esta terça-feira no Parlamento que existiu um caso de coação sexual no Colégio Militar que resultou na abertura de um processo disciplinar.
Houve, de facto, um aluno afastado por ter coagido sexualmente outro aluno. Explicou, entre grito acusatório da deputada Socialista sobre tratar-se de assédio sexual, um crime público; não ter sido por causa de afectos, não por causa de orientações sexuais, antes por coação injustificada.
Não houve descriminação, não houve até seguimento no processo uma vez que os pais da criança o retiraram do Colégio.
Aquilo que se fica a saber, justo como se compreende da afirmação tão engraçada mas verdadeira que a personagem de Albert Goldman diz sobre Alexandre o Grande ser homossexual, é que a sexualidade é algo que existe em todos os lados assim como a discriminação.
O Colégio não descriminou afectos, facto já explicito na entrevista original, descriminou assédio que, para todos os efeitos, e para que conste para a incauta e ignorante deputada Socialista, não é considerado, per se, crime por se tratarem de menores de idade (iniputáveis), e na questão pública houve sim intervenção, sobretudo num ambiente onde a supervisão, como descrito na mesma reportagem, é constante.
Deve o Colégio Militar melhorar a sua forma de relacionamento sobre este tipo de questões? Evidente que sim, tal como a Sociedade deve fazer o mesmo, mas não ter uma frente política que se insurge em defesa de direitos minoritários em profunda ignorância, festejando de um lado, crispando do outro, quando tudo neles mais parece razão do seu próprio crime: piropo.
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