Acabei de fazer uma escolha.
Não só estou a escrever em Português como optei por fazê-lo segundo o Acordo Ortográfico de 1945 e não segundo a nova forma de unificar uma língua que se adaptou às culturas onde existe. Nesta opção que tomo, ao escrever segundo regras gramaticais, elejo colocar pontuação por forma a serem feitas as correctas concordâncias e leitura de tudo o que exponho. Sigo essa opção por formular nela o meu juízo de valor por inerência da experiência de vida que vou tendo. Escolho ter.
É um sintoma de agregação cultural ao longo dos tempos que me faz ser mais parcial do que suponho ser e menos imparcial do que desejo.
A bem da verdade, a imparcialidade é uma casualidade jurídica que existe no abstracto, relegada às percentagens e mecânica robótica sem alma Humana.
Só que a Sociedade dos Homens é Humana e, à falta de melhor descrição, tem alma. As suas escolhas, pelo facto de o serem, serão sempre parciais. Manter a estratégia de se pedir sempre a linha enviesada da imparcialidade no juízo que se faz às escolhas que se defendem ou tomam, é pedir a indecisão permanente como salvo conduto de se viver a vida sem correr riscos.
Por ventura é querer ser-se politicamente correcto e isso é desde logo incorrecto
Mas tomar uma decisão não significa de imediato o contrário de ser-se incorrecto.
A parcialidade apenas define que existe um rumo a tomar. Define que existiu uma opção e que se pode traçar um caminho.
Não existem virar de páginas nem fins de nada. Esse é o erro de quem supõe o politicamente correcto como a sua aparente escolha parcial.
As verdadeiras escolhas são sintomáticas com o continuar de uma narrativa que segue o seu percurso, adaptando o antes com o depois vivendo do agora.
A filosofia pretensiosa do rumo a traçar a longa distância, alicerçando vontades distantes quando o ponto de partida é desde logo incerto, apenas dão ecos às escolhas parciais politicamente correctas que se tomam por imposição mediática.
O sintoma actual, neste prelúdio risível de Sociedade Democrática Sindical prosseguem essa vontade tão imparcial de todos sermos igualmente ricos em ouro como agora somos em sonhos.
Sendo do mais parcial possível, e já que fiz uma escolha logo no início quando comecei a escrever este texto, realidades maquilhadas de fantasia onde a igualdade se substitui à equidade por imposição de um Estado são acordes musicais ao estilo Floribella.
Não tenho nada, mas tenho, tenho tudo,
sou rica em sonhos, mas pobre pobre em ouro!