A História parece reviver-se nos locais por onde passou, dando sinais daquilo que deveríamos ter aprendido mas que insistimos em repetir.

15 de Junho de 1966 começava com uma Notificação a encerrar 407 anos de censura imposta pelo medo e receio que uma reforma trazia.
Os princípios religiosos que em 1559 o Papa Paulo IV via em sério risco de se influenciarem pela literatura reformista de Martinho Lutero e as suas 95 teses eram agora levantados do seu velo de censura, o Index Librorum Prohibitorum – o Índice dos Livros Proibidos -, essa lista de publicações literárias que o Papa reformista Paulo VI já não achou irem em contra os dogmas da Igreja Católica.

Não só se reconhecia o fim oficial dos resquícios da contra-reforma, como acabava esse longo braço de ferro entre a Igreja e a Ciência. Ao fim de mais de quatro séculos a Igreja invertia o paradigma da cegueira induzida e negação pelo medo face aos factos que o tempo e a História comprovou.
Não só a Igreja Católica se uniu muito mais nos últimos 50 anos, como a evolução cientifica, pela não imputação de culpabilidade dogmática, se permitiu ir mais além.

Se no interregno contra-reformista da Igreja tivemos a Santa Inquisição com os seus Autos de Fé, fora dele permitiu-se à Sociedade existir de uma forma mais livre, popular, embora nunca Democrática.
Verdade seja dita, depois do surgimento da religião Católica, com o fim do Império Romano, a Democracia é algo que acaba no esquecimento desses livros censurados como uma ideia proibida.

Parece que há que repetir um paradigma do passado, entre uma Democracia que se transforma em Império, um Império que se torna despótico, vira anarquista, e no final se resguarda nessa alegoria da caverna, reinventando-se numa sombra de medo, aguardando nova reforma que o reinvente.

Hoje, após um tempo reformista, estamos no dito novo tempo. Entrámos em contra-forma.

Index.jpg

Alguns chamam-lhe o virar da página, o fim do austerismo. Da austeridade que a lado nenhum nos levou.
Não que razões não existam por trás dessa defesa, e que a austeridade não seja, vista assim, má, mas da mesma forma que o implementar da contra-reforma religiosa o foi por medo dessa visão alternativa que traria uma mudança, também a contra-reforma política que agora se assiste – neste medir de forças entre lógica, razão e emoção – o é por receio que umas políticas sejam melhores que outras e aniquilem a sua dextralidade de orientação.

Mas face à inevitabilidade decorrente do que se assiste, de se ver a espada e a parede serem razão e responsabilidade do que se nega como algo que se assume, apenas se pode esperar destes contra-resformistas que comecem o seu Oeconomia Prohibitorum Index – o índice censurador de tudo o que vá em contra as teorias económicas que desmintam o óbvio: o Orçamento do Estado para este ano dá 25€ para nos tirar 50 em impostos.

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