A ficção é feita facção pela forma como a manipulação instrumentalizada do que António Costa define negociação se tornou.
Se nos últimos dias nos têm vendido a ideia de que o sucesso das suas negociações é de que no resultado das mesmas não existem perdedores, a verdade é que qualquer mediano empresário no começo de carreira sabe que o assumir de compromissos em cedência são um ganhar ou perder de posição que colocam em risco o que anteriormente seria algo de bom ou mau.
Ou seja, numa negociação há sempre quem ganhe mais do que perde e na questão do Orçamento do Estado, nesse braço de ferro entre a lógica da batata que é o facto Europeu face à ilusão populista que foi a promessa eleitoralista Socialista feita Geringonça, Portugal ficou a perder uma vez mais neste xadrez de ambição.
Mas qual é o cúmulo disto tudo?
Bem, nenhum quando o próprio Ministro das Finanças não sabe a diferença entre imparidades e incumprimentos ao apresentar o seu próprio esboço visto, revisto e piorado à cause desse muro que, afinal, não se derrubou.
Mas vou citar a minha própria influência familiar, aqui como leitmotiv da crónica semanal do Mário Crespo no Sol, em que “Quem tem cinco e deve sete, está falido e deve dois.”
A frase, saber popular e oportuno, é remetido para a Senhora minha avó, Fernanda Pires da Silva. Ela foi (pois está retirada) uma das mais influentes Mulheres empresárias do seu tempo em Portugal. A sua lógica económica sempre foi simples e básica, num princípio de auto preservação e sustentabilidade Social.
Faça-se razão do seu princípio de merceeiro, a economia é simples e básica. Os princípios politizados, ad nauseum, que lhe introduzem é que a tornam complexa, complicada e interdita até à própria compreensão do Ministro das Finanças.
Mas a mecânica das contas artificialmente maquilhadas – facto que até levou a avisos da UTAO – é algo que se torna sintomático de outro breve ensinamento que aprendi com a minha avó e que até hoje guardo como tábua de lei para aquilo que ocorre por esta Europa fora.
“Somos uma Cordata de velhos.” já me dizia ela, era eu ainda pequeno, referindo-se ao envelhecimento demográfico Europeu, à dependência dos fundos de pensões e reformas, e a todo um sistema político que não se renova num interesse jovem.
Não é preciso fazer um qualquer vago exercício de escárnio e maldizer sobre este ou aquele Governo, ou mesmo sobre a perpétua máquina sugadora de Impostos e a sua insaciável obliquidade em nos cobrá-los, mas o facto concreto é que a Europa, e nisso Portugal está num pódio, é uma Cordata de velhos.
Há uma conjugação de partidos políticos, que mesmo alternando-se entre a novidade reinante e o crepúsculo cessante, vivem das velhas migalhas votantes uma vez que a maior fatia do eleitorado chama-se jovem abstenção.
Bem pode o paradigma político mudar, as cores dessa polaridade se unirem para reinar, mas o facto é que a maior parte da juventude não se preocupa com a política que se pratica.
Olham para os pseudo políticos de carreira, para o arsenal incomodativo e dogmático que tentam passar como sendo uma moral acima do bem e do mal, e não se revêem nessa criação artificiosa sem alma.
Para os poucos que ainda se dão ao trabalho de compreender a política, e seus praticantes, o resultado que resta é um tabuleiro de xadrez onde se jogam cartas e porventura alguém trouxe uma ficha de casino para as apostas de risco.
Fora isso é um vira-o-disco-e-toca-a-favorecer-os-mesmos, eles, os carreiristas políticos.
Só que nem toda a ficção é capaz de aguentar a facção que sustenta António Costa.
O Orçamento passa, mas a TAP e a sua reversão, quando os 5% diluírem a posição do Consórcio Gateway para 45%, fizerem do Estado maioritário, tornará a vida da Geringonça muito limitada frente a uma negociação onde só há um derrotado: Portugal.