Não quero mais dramas na minha vida,
apenas comédias divertidas.
Então, não me venhas com histórias de ciúmes, lágrimas e tragédias, não…
Um ciclo se fechou outro se abriu, e tal como a vida que antes levei, abre-se aqui o fim desse drama político da negação e começa essa comédia da União legitimada por um Povo não identificado no voto popular.
Se a minha consciência de uma latência adolescente se finda em Madrid, tinha eu 21 anos, é nessa pop de la Movida – tantas vezes por mim invocada – que traduzo estes sentimentos da geração à qual pertenço de nascença.
Assim, chega do drama da transformação. Chega da dita negação.
Chega de reprovar o que de político se inverteu e estável Democrático seguiu.
Mas depois chega essa provocação…
E então chamas-me, como de costume,
Mas não te incomodes,
Eu não me importo mais.
Repito, caso não tenhas compreendido,
Cansei-me de estar triste
e isto não me compensa.
Tomei a decisão de enterrar essa dor e tristeza,
Eu vou mas é esquecer esses problemas.
Direi que quero ver para crer, nessa expectativa crédula do erro passível de ocorrer.
De quem já leu e viu acontecer. Justa implementação do modelo praticado. Falência do contratempo anunciado.
Desse Portugal que acredita ser um Império, à deriva e desencontrado.
Mas não…
Não quero mais dramas na minha vida,
apenas comédias divertidas.
Então, não me venha com histórias de ciúmes, lágrimas e tragédias, não.
Que mais há?
Se tudo é uma mentira?
Que mais há?
Deixa que me ria?
Que mais há?
Se, no final do dia…
Que mais há?
Tudo igual vai acabar.
Pois, mas isto não é pra ser um drama nem uma fantasia. Antes uma comédia, de pé-de-rima e alegria.
Já não estou em Madrid. Não tenho 21 anos. E os anos 80 só trazem à memória algo que já passou.
Chega de provocações incessantes,
É chato e pouco edificante.
Pensas que o futuro está em branco,
que nada está escrito,
que tudo é ainda possível?
Consegui acabar com tudo num instante
vícios e gastos lancinantes,
nada são para mim.
Porque se a palavra é dada, a cobrança imediata é garantida.
E essa é a nossa maior alegria, a do Povo sufragado, sofrido e pela União resgatado!
Texto dramático, comicamente entrelaçado com a letra da música ‘Dramas y Comédias’ do grupo Fangória.