Portugal.
Portugal é o País que ainda pensa que é um Império.
Já não o é.
Desde 1974, aquando da Revolução que tudo libertou, que o cariz Imperialista desta História feita de Conquistadores se esbateu nessa memória de uma grandeza que se foi entregando com o tempo que foi passando.
Foram-se os anéis mas ficaram-se os vícios. Vícios esses que não se abatem, e vive-se nesta Ocidental Costa Lusitana com o mesmo afã e vontade grandiloqüente como se o Império de um Ultramar existisse e fosse suportado por esse ouro que em outros tempos se usurpava das terras de alguém.
Mas porquê um Império? Que determina esta latente vontade Portuguesa em se considerar Imperial sem que o seja, mas ainda assim mantenha uma posse de Estado, quase fatalista, como se de um grande país – em área – se tratasse?
O facto é contundente e simples: as suas fronteiras há muito estabelecidas são a primordial razão, dando-lhe esse garante histórico de sobrevivência numa Europa de retalhos; em seguida, porque em território Nacional, desde a Guerra Miguelista que não existe nenhuma contenda ou batalha com impacto real – mesmo a grande Revolução de Abril não teve violência física que se fizesse notar – e claro, como não poderia deixar de ser, a época Quinhentista dos Descobrimentos, dessa fase que tem o seu apogeu no século XIX quando o território Português, de facto, totalizava algo como 10.450.000 km² chegando desde África, à América, passando pela Ásia e Oceania.
Um verdadeiro Império de capital e trocas onde a riqueza existia e o suporte Humano para a mesma era possível.
Já não o é.
Essa tendência de grandeza em manter uma máquina Estatal para servir um maior número de pessoas que não existem, indo em contra tudo aquilo que se supõe ser uma boa gestão Administrativa é algo com a qual o Portugal Democrático se bate numa contradição eleitoralista.
Aqui já não é sequer uma questão partidária. É uma questão de angariação de votos fáceis. De funcionários que sendo admitidos, progridem em carreiras onde não são demitidos, e seguem para reformas com regalias e garantias que no privado não havia.
E não há. Ainda assim, nos últimos 4 anos o equilíbrio possível foi tentado. Falhou, óbvio.
Hoje, por motivos de força maior, o Império que não existe, sustenta-se nesta neo-noção de um Socialismo que quer justo isso: aumentar de novo a máquina pública.
Tornar Estatal o que pode ser Privado. Gerir por mais aquilo que se demonstrou não ser capaz de sustentar.
Pretende fazer um milagre de rosas sem que haja farinha para pão.
Vamos a factos concretos:
Em 1968 haviam 196.755 funcionários públicos (em Portugal Continental e Ilhas) para 8.837,000 milhões habitantes.
Já em 2014 havia 655.620 funcionários públicos (em Portugal Continental e Ilhas) para 10.401,100 milhões habitantes.
Ou seja, em razão de proporção é algo assim:
Em 1968, no fim do Estado Novo, 2,2% da população total eram funcionários públicos.
Já em 2014, depois de cortes feitos devido ao Memorando de Entendimento da Troika, 6,3% da população total são funcionários públicos.
Mas vamos afinar ainda mais as contas. Vamos ver agora apenas a População Activa.
Não existem dados da População Activa em 1968, por tal apresento uma estimativa baseada em proporção, mas para 2014 o valor apresentado pelo portal da Pordata é de 76,8%. Assim sendo, a população activa de 2014 seria de 7.988,044 milhões de habitantes tendo, na devida proporção, 8,20% de funcionários públicos.
Como o dado mais antigo que existe nas listas para População Activa é o de 1983, sendo que nesse ano foi de 76,2%, vou estimar que em 1968, dado que a população começava a laborar muito mais jovem, o valor será de 79%.
Assim, se o valor de População Activa fosse 79% teríamos 6.981,230 milhões de habitantes para os quais 2,8% dessa população seriam funcionários públicos.
Ou seja, Portugal comporta-se, cada vez mais, como a instituição de uma Sociedade Nacionalizada, num País que pensa que é, ainda, um Império.
Não é.
Não se sustenta um País em debilidade financeira quando mais de 8% da população activa são pagos pela restante população.
Em razão total, 70,5% dos cidadãos trabalham pra pagar as reformas e salários dos 23,2% que ou estão reformados ou em idade pré laboral assim como dos 6,3% que são funcionários públicos.
Na prática 7/3 aguentam este Império à deriva.
A questão é: até quando..?
Porque Portugal não é um Brasil, nem muito menos uma União Soviética, onde as fronteiras se esbatem numa grandeza quase infinita e as classe se tornam razão de classismo idiossincrático que nos afastam e diferenciam. Nem o tempo de Salazar é essa memória miserabilista que muitos dizem ser a actualidade corrente.
Só o facto de se viver em Democracia e ter Liberdade de Expressão ou poder vivê-la ‘livremente’ faz toda uma diferença, ainda que diferentes sejamos nessa igualdade que alguns buscam numa justiça dita desigual.
Mas isso é a busca dogmática do Imperialismo Ditatorial onde a Igualdade se sobrepõe à justiça por meio de despacho propagandista.
E ai sim, Portugal volta a ser um Império. mas só no pensamento de alguns.