Se tu falas muitas palavras subtis, e gostas de senhas, sussurros, ardis.
A lei tem ouvidos pra te delatar nas pedras do teu próprio lar.
Se trazes no bolso a contravenção, muambas, baganas e nem um tostão.
A lei te vigia, bandido infeliz, com seus olhos de raio-x.
Se vives nas sombras, frequentas porões, se tramas assaltos ou revoluções.
A lei te procura amanhã de manhã com seu faro de dobermann.
E se definitivamente a sociedade só te tem desprezo e horror.
E mesmo nas galeras és nocivo, és um estorvo, és um tumor.
A lei fecha o livro, te pregam na cruz, depois chamam os urubus.
Se pensas que burlas as normas penais, insuflas, agitas e gritas demais.
A lei logo vai te abraçar, infractor com seus braços de estivador.
Se pensas que pensas, estás redondamente enganado…
Porque a amizade entre iguais, malfeitores, improváveis traidores, cedo ou tarde cai no goto da vil populaça em busca do estorno dessa vossa ameaça.
És preso comum.
Na cela faltava esse um.
A conexão transatlântica não é mais um cabo telefónico que une Portugal e Brasil em chamadas telefónicas de retorno sonoro onde o favor é a saudade do sabor gastronómico.
A voz que se cruzou pelos ares agora tem tom de trama putrefacta.
De crime de tráfico de influências.
Do favor entre amigos que se correspondem e prefaciam os ditos moralistas de quem se sente torturado em Democracia.
Luís Inácio Lula da Silva está a ser investigado por similitudes ideológicas de trocas de favor que lhe rechearam o bolso, tal como Sócrates.
Apenas mudam os montantes e a forma de desvio.
A igualdade é a conexão directa que se estabelece.
Há voos intercontinentais, telefonemas, amigos do peito, recomendações e empreiteiras com contractos benevolentes.
Há a Camargo Corrêa, o Grupo Lena, Armando Vara.
Há a Andrade Gutierrez, a Oi, a PT.
Há a Odebrecht e as palestras com algo mais.
E um Pedro Passos Coelho que, afinal, não foi corrompido.
Ou pelo menos o negócio em que se diz ter-lhe sido pedido que intercedesse em nome de outrem, não ter ido para as mãos corruptas.
O cerco aperta, e desta vez escapa à capacidade persecutória que a figadite Lusa coloca em Juízes e Procuradores feitos de encomenda.
O PTista Chico Buarque escreveu o Hino de Duran e da repressão, acima apropriados por mim, numa presciência única daquilo que é a verdadeira Opera do(s) Malandro(s).
Resta saber o desfecho desta obra.
Será maladragem ou uma Opera Bufa?
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