Se há algo que Portugal deixou no Brasil foi o trato educado com que a classe política se trata.
O ‘você’ é trato cordial do dia a dia, e o ‘tu’ é a amizade comprometida de alguns que não se dão a um respeito público.
Ser Senhoria é Parlamentar, sobretudo quando a situação é de se lamentar.
Mais a mais durante a mais dura Comissão de Inquérito à corrupção instalada naquela que um dia foi a 5ª maior empresa petrolífera do Mundo.
Ontem, domingo 12 de Abril de 2015, pela segunda vez desde que Dilma foi reeleita Presidenta para um segundo turno, o povo descontente veio à rua marchar contra a corrupção instalada no propinoducto que é a Petrobras.
Hoje o Petróleo Brasileiro S.A. está em 129º lugar da lista de empresas de referência no sector.
Tudo isto se deve à quadrilha de roubo instalada na sua Administração que, nos últimos 12 anos, desde que o Governo Petista (PT) lidera a empresa de capital aberto – cujo accionista maioritário é o Governo do Brasil; e desviou sem justificação plausível – através de superfacturamento de obras; cerca de 88,6 mil milhões de Reais. (algo como 33 mil milhões de euros)
Tudo foi descoberto através da Operação Lava Jato, onde, através de empresas de limpeza de automóveis, se fazia a lavagem de dinheiro.
Entre os indiciados do crime estava o doleiro Alberto Youssef. Ele adquirira um Land Rover ‘Evoque’ para Paulo Roberto Costa, ex-director da Petrobras, e assim se chegou ao dinheiro movimentado na Estatal e às percentagens que estariam a ser desviadas para o Partidos dos Trabalhadores e os seus partidos de aliança política.
Numa contra-proposta de redução das penas de crime de branqueamento de capitais, corrupção, e afins, aos delatores foi dado o estatuto de ‘delação premiada’. Quanto mais eles denunciacem, menos anos de prisão teriam.
Assim se chegou, até agora, ao cerne da questão: João Vaccari Neto.
Vaccari Neto é, desde 2010, o tesoureiro do Partido dos Trabalhadores, e como tal, responsável pelos dinheiros movimentados por toda a máquina partidária.
A sua alcunha no meio é o ‘mochileiro’ derivado à mochila que usa quando se desloca na sua angariação de fundos para pagar as infindáveis contas que o PT tem.
Segundo o próprio, toda a actividade financeira do Partido, desde que ele se encontra frente à tesouraria do mesmo, é lícita e declarada, e nada do que lhe apontam, é verdade. Garantia dada pelo TSE, Tribunal Superior Eleitoral.
O seu bordão de defesa, frase proferida durante as mais de seis horas de interrogatório directo na CPI é sempre o mesmo: “Os termos das Delação Premiada no que se refere à minha pessoa não são verdadeiros.”
Houve mesmo momentos inusitados, logo na abertura da inquirição, em que um intruso parlamentar largou 6 ratos (hamsters) dentro da sala, causando consternação de quem se sentiu identificado com a imagem do roedor.
A verdade, triste, quem sabe desta educação barroca que subsiste num Brasil tropical, vinda de um tempo em que a Coroa deixava um Império à deriva do ouro e diamantes que se tinham levado, foi a ignorância de não se lhe perguntar: Podem os termos não ser verdadeiros, mas são os factos?
É que se os factos constantes das delações premiadas são verdadeiros, então a Petrobras, na pessoa de ‘Vossa Senhoria’ João Vaccari Neto, não é uma plataforma isolada, é o oleoduto de conexão que vai afundar a economia Estatal Brasileira na próxima década.
Pane y Circenses para quem acha que Trabalhador é o mesmo que alguém que, de facto, trabalha.
Já agora, se a língua é a Mãe que nos liga, entre o Barroco que levamos e o Tropical que absorveu, aqui fica a cartilha de palavras que, a não ser graça, é engraçada, por conter no seu conteúdo, as letras PT:
caPeTa; imPosT; inoPorTuno; desPoTismo; imPresTável; oPorTunista; corruPTo; inaPTo; PesTe; desresPeiTo; incomPeTente; PúTrido; hiPócriTa; incomPleTo; rePeTenTe; imPorTunar; inoPeranTe; rePugnanTe; imPosTor; sub-rePTício; rePelenTe; PuTaria; imProduTivo; PaTifaria; nePoTismo; PresidenTa; dePuTado…
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