Os Vistos Gold estão de facto na ordem do dia.
Ver as notícias do dia, na primeira segunda feira depois de um fim de semana de demissões, em que quase tempo nenhum para tudo digerir houve, é algo fantástico.
Além da cobertura mediática nacional, ficamos a saber da cobertura internacional que o Caso Vistos Gold está a ter na imprensa internacional. Tanto ou tão pouco que a jornalista chinesa teve que aprender a pronunciar o nome de Miguel Macedo para noticiar a sua demissão.
Já a verdade dos factos nacionais não é tão mediática ou glamourosa quanto se pode imaginar. Além dos inquéritos ainda não terem terminado, hoje segunda dia 17 de Novembro de 2014, e ter ficado o comunicado oficial do Juiz Carlos Alexandre para a manhã de terça, às 9:30, quando se vai saber quem é constituído arguido e em que medidas de coacção.
Até ao momento aquilo que se consegue apurar é que parece que a corrupção gravíssima passa pela oferta de duas garrafas de vinho e um favor. Marcelo Rebelo de Sousa disse que eram garrafas de Wiskey, mas a verdade é que é preciso saber qual o favor. Teria sido a visita do SIS ao Registo e Notariados para apagar o conteúdo de emails? E se foi, não era isso sua função como já foi dito pelo SIS? Mas claro, estando Carlos Alexandre por trás de mais uma investigação mediática, há que saber o conteúdo desses emails apagados.
E seguindo o seu rasto chegou-se até aos escritórios da JMF Business onde o Ministro da Administração Interna era sócio e essa ligação fez dele vulnerável, e as conexões com o Governo óbvias, e claro, frágeis.
Resultado, as ditas demissões.
Mas vamos pensar nas coincidências ocultas da Investigação Labirinto, que quando se sair dele, se vai ver um quadro de repetição que é visível em quase todos, senão todos, os grandes casos de corrupção política e económica da sociedade portuguesa nos últimos quinze anos.
E essa coincidência tem dois nomes: Carlos Alexandre. O super Juiz.
Uma pessoa enigmática que não se deixa conhecer, mas que quer conhecer tudo e todos, interrogando todos os famosos e mediáticos deste país.
Como disse um jornalista esta semana, este senhor tem uma necessidade de estar nas ‘luzes da ribalta’ como nenhum outro.
A verdade é que é ele, juntamente com o seu compadre na Procuradoria Geral da República, o Procurador Rosário Teixeira, que formam a dupla de investigadores e principais julgadores de todos os casos mediáticos da Justiça Portuguesa.
Não sou eu que o digo. É só ir ver os grandes escândalos e ver quem é que fez as buscas, as audições, a relação entre escutas telefónicas que são estranhamente tornadas publicas quando são segredo de justiça, e toda a agenda mediática que surge em torno destes casos que deveriam ser sigilosos e não são.
Posso dar o exemplo máximo do meu Pai, Abel Pinheiro, acusado do crime de Trafico de Influências no famoso caso Portucale, onde depois de sete anos de investigação e julgamento em Tribunal, foi ilibado e dado como inocente, num acórdão lendário de 400 páginas em que se explica exaustivamente em como o crime foi cronologicamente impossível.
Há a excepção de um dos arguidos, os outros restantes dispensaram as testemunhas de defesa, uma vez que as de acusação estavam a ser tão benéficas que acabaram por os defender.
Mais, sobre o meu Pai e a minha Família, que a relação entre a Grão Pará e o Grupo Espírito Santo e o seu Banco nunca foi facilitada como na altura tinha sido anunciado.
Para quem nunca leu o documento, público, recomendo ler as últimas 40 páginas. São históricas, e no mínimo interessantes.
Mas o mais interessante foi o que aconteceu depois. O Procurador Rosário Teixeira não gostou da absolvição de todos os arguidos. E não fez mais do que recorrer da sentença final. E contra a sua própria colega que fez o julgamento. Recorreu contra a própria Procuradoria.
Foi a primeira vez que isto aconteceu na Justiça Democrática Portuguesa.
Pergunto-me, não serão coincidências a mais?
Ou estes dois sujeitos, que não sei outra forma de os chamar, procuram ter um poder acima daquele que deveriam, para fazer da justiça, uma força justicialista a seu bel prazer?
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