Faz tempo que não escrevo, tempo que não dialogo comigo. Sobre a verdade que nos constrói enquanto Sociedade e a mentira que preferimos contar aos demais como garante dessa certeza.
Cheguei a essa conclusão tão óbvia como factual é o facto actual: ‘os factos são mutáveis, os actos não’; e lá está vivemos tão focados nos factos que nos esquecemos dos actos.
Buscamos os culpados na raiz do racismo sem perceber os responsáveis presentes.
Esquecemos os genocídios do passado, (re)criando divisionismos na actualidade.
Preferimos o inimigo comum quanto o nosso opositor faz parte de nós.
Queremos vencer face à derrota de quem nos sustenta.
Achamo-nos superiores quando desviamos o olhar à corrupção vigente.

Porque não escrevo mais? Por ti Beirute!
Pelo símbolo daquilo que te tornaste, reflexo gráfico, visão atómica, da barbárie e corrupção polarizada entre o mundo da aparência e aquele que vive em carência.
Dos políticos que nos regem e vivem para se reger.
O roubo da vida pelo poder que tudo rouba.
Do Sistema que permite que sejas tudo aquilo que somos e fazemos piada fácil.
Tu és o meu silencia, o meu reflexo nesse acto bárbaro agora ocorrido e sem explicação. Cheio de factos mutáveis, mácula de responsabilidades, culpa certeira.
A política tornou-se nisso, numa explosão de nitrato de amónio, destruição aniquiladora num raio de dez quilómetros.
E nenhuma farpa mais nos salva de abrir os olhos.
Os meus estilhaços ficam-se por aqui.
Fim.
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