Tudo tem a sua banda sonora, nesse misto do clássico com o modernismo actualizante que se procura ter.
A velocidade é mezzo rápida e o som é ‘a fifth of Beethoven’, Walter Murphy em 1976, eu a entrar em Lisboa, 2020, o cartaz do PAN na Duarte Pacheco “se um deputado incomoda muita gente”.
A publicidade de campanha está lá desde as últimas eleições em Outubro do ano passado.

Rico partido este que, solitário, paga publicidade a tempo ‘indeterminado’ na nova senda do incomodo político ao invés da construção de soluções num arco parlamentar que se faz, cada dia mais, para lamentar.
Mas a senda não é nova nem o arco parlamentar se deveria construir destes adágios pop’s baseados na mera oposição pela negativa.
O PAN de 2015 reverberou e ganhou um gémeo no Livre de 2019. Uma oposição dinástica no Chega. Incómodos solitários que criam uma desnecessária crispação que amotina as massas e revela o pior do Ser Humano aquando isolado e sem respaldo intelectual, cultura política ou contradito interno.

Tal como a sinfonia de Beethoven – ainda que reinventada -, o primeiro movimento revela grande tensão.

Este neo político totalitário do antigamente arroga-se este direito extraordinário de se declarar defensivo das suas causas oportunas indo em contra aquelas pelas quais foi eleito.
Nem se vá mais longe. Invoque-se Joacine Katar Moreira, neste golpe parlamentar clássico em que a sua tartamudez se faz lírica para discursar “é mentira” face ao seu afastamento por intermináveis escândalos de oportunidade enquanto um ignóbil André Ventura ganha os bafientos votos desse Portugal saudoso do Ultramar colonialista e obediente ao dizer que a gaga que se fez portuguesa, volte para a sua origem.
A Geringonça Socialista reinante critica e condena, a Ministra da Justiça até lembrou que Joacine Katar Moreira foi “convidada a ir para a sua terra, como se esta não fosse a terra da deputada”, certamente numa analogia terrestre planetária…

Segundo movimento, solenidade, uma marcha fúnebre que se eleva pela sua emoção.

deputado

Colonialismo e sentimentos Nacionalistas são algo, discussão fundamental a ter, outra é a apropriação cultural, devolução do património originário nas ex-colónias.
Fazer assunto de um tendo como tema o outro é um engodo político populista que demonstra bem o calibre de quem se elege.

Terceiro movimento; a crispação.

Mas parece que a Sociedade apenas reage pelo incómodo.
O palanque dos novos extremistas ganha mais atenção e tempo de antena que o bom senso da Iniciativa Liberal.
Sobre o psico-drama que definiu as últimas semanas foram o único partido, quer unitário quer de grandes dimensões, que se pronunciou de forma inequívoca sobre a questão:

1/ A Iniciativa Liberal condena inequivocamente todas as formas de discriminação, em particular o racismo.
2/ A IL não deixará que um dia se possa, a pretexto do que quer que seja, limitar a liberdade de expressão. Seremos também guardiões desse princípio fundamental.

Simples assim, sem incómodos e com apenas um deputado.

Quarto movimento, triunfo e magnificência.
A sinfonia pop termina. Cheguei a Lisboa, a capital deste Império à deriva.

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