“O senhor condena ou não condena esses atos de vandalismo, defende ou não defende a autoridade policial?”

Por vezes penso se estamos mesmo no século XXI empolemos 2019 e a palavra racismo ainda existe como amuleto de tentação para uso discriminatório tal qual a ciência racial de Gobinaeu.

Parece que o ano começou com uma aurora dourada talhada a Machado. Os extremismos se atraem de forma tentadora na lembrança de um Portugal cuja descolonização se viu refém de uma atabalhoada Revolução cuja Liberdade proveu Direitos mas não obrigações.
Os 40 anos da Democracia trouxeram abstenção e prosperidade num país 3 vezes falido, resgatado na ignorância do brando povo pagador.
Se nas duas primeiras a solução de repetiu, à terceira a novidade fez-se história. Quem trouxe o presságio, perdida a eleição, uniu-se aos derrotados para reinar.

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O jovem turco de Sócrates criava a Geringonça – a Esquerda Unida contra a Direita derrotada – e se na sua nova maioria se via a esperança da voz oprimida, depressa a temática fracturante fracturou os princípios de decoro parlamentar. António Costa aprendeu tudo. Tudo menos o disfarce cínico para um sorriso nervoso que lida mal com o contraditório.
E a sua contradição chegou quando ao insulto se juntou a irracionalidade, num inesperado momento de auto-reflexão.

“Está a olhar para mim, deve ser pela cor da minha pele que me pergunta se condeno ou não condeno a violência”

Porque resvala o pensamento de António Costa para a “cor da sua pele” ao responder sobre os actos de violência ocorridos no Bairro da Jamaica no Seixal?
Resume-se ele a um mero comentário de cariz racial, ou serve-se dessa retórica como alicerce político da esquerda que o apoia?

Repito:
“O senhor condena ou não condena esses atos de vandalismo, defende ou não defende a autoridade policial?”

Evidente que a forma incisiva como Assunção Cristas, esta Direita derrotada – ou digo temerária? – coloca a questão, “retira qualquer um do sério”, mas que escaparate ao interior da mente do Primeiro Ministro ele nos permitiu já que o perfilou nessa geração filha dos retornados de ‘74.
Que elite esta, gritando o seu Manifesto Anti-Dantas ao ranço dos intelectuais instituídos, se faz refém de algo que a própria Ciência desmente.

A “cor da pele” não equivale a raça. Ou, correctamente, a etnia a posicionamento Social. Caso o fosse, que julgamento se faria do Portugal Democrático tão apto a negociar com o seu rico amigo Angolano, com os Chineses do “bastante diferente”?

O “racismo” contemporâneo é de cariz monetário, traduzido na falta de oportunidades que a Sociedade do consumismo egoísta gera.
Entrar na retórica divisionista onde o pigmento da melanina nos separa e categoriza é de um primarismo atroz, desse mundo onde os muros se erguem e a separação ocorre sem responder; qual dos lados estamos a proteger?

Costa ficou-se pela retórica passada, afã vivido quando homenageado em ser o primeiro Primeiro Ministro de ascendência Goesa a governar na Europa, viagem de honra à Índia, ausente em funeral de Estado. Nesse instante tudo foi a “cor-da-pele”.

Mas arrisco resposta:
Não Senhor Primeiro Ministro, perguntar-lhe se condena a violência ocorrida no bairro Jamaica nada tem que ver com a sua “cor de pele”. Prende-se com o facto do Senhor ocupar o cargo que ocupa.
Simples. Sem cor. Política.

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