po·pu·li.xo
(latim populus, povo + -lixo)
substantivo masculino
1. [Artes] Doutrina literária e artística que vive do capitalismo burguês explorando a expressão da vida e dos sentimentos dos meios populares.
2. [Política] Doutrina ou prática política cuja a ausência de caracter ou ética republicana procura obter o apoio popular através de medidas que, aparentemente, iludem as massas.
3. [Portugal] O Presidente da República e entourage política homenageiam Zé Pedro dos Xutos cantando em palco no Rock in Rio.
Serei directo, duro e com farpa afiada, sem dizer que o efeito populixo ocorre apenas em Portugal, mas aquilo que se passou na sexta feira dia 29 de Junho no Rock in Rio, e eu estive lá para – incrédulo – assistir, foi o revelar do estado a que a República Portuguesa chegou.
Não serei mais um a condenar a vida dos políticos, nomeadamente as suas escolhas independente das ideologias que dizem seguir e os estilos de vida que seguem. Creio que isso cabe aos seus eleitores num escrutínio maior que o meu.
Agora, quando o cargo público se imiscui na presença popular e o respeito protocolar é mandado às urtigas para 15 minutos de fama eleitoral, creio que um dano irreparável acaba de suceder.
Sim, dirão que sou fatalista, quem sabe exagerado, mas preste-se atenção, as três principais figuras do Estado Português estavam em palco, numa inenarrável presença e comportamento, onde tudo soava a falso, oportunismo para as eleições que se seguem.
Marcelo foi Marcelo. Afectos, corre-corre e agora um passou-bem mais forte que o crápula de Trump a quem se igualou por fazer iguais piadas de comparação.
Eduardo Ferro Rodrigues, no que aparentava ser um fato de treino domingueiro, deu pena por ser sexta e o tom estar numa cumplicidade confrangedora com todo o cargo que ocupa.
António Costa foi o idiota útil de serviço enquanto a sua esposa Fernanda – quem esquece o episódio do casaquinho em Queluz? – foi a idiota fútil que decorou o palco sem muito sentido de lá estar. Junto estava Medina, o Presidente que de estrelas e cunhas a famosos percebe para abrir o leque às personagens políticas à la gauche que completaram o ramalhete.
Catarina Martins existiu como proponente a futura membra (suponho que assim se escreverá num re-acordês ortográfico em prol dos cartões de cidadania do politicamente mais que correcto) do próximo Governo que ali cantarolava, enquanto o seu supremo mentor, Francisco Louçã, faria parte da entourage conselheira de Marcelo.
As críticas choveram tanto como no próprio dia, mas quem sai à chuva molha-se.
Todos se mantiveram calados com a exceção de Louçã, justificando a parolice do seu caviar em modos popularuchos como amizade por um amigo que partiu. Sentido, mas risível não fosse tudo o delicodoce lixo político que temos.
Louçã existe como Tabu televisivo para momento Zen às sextas feiras enquanto Catarina representou a aliança política que existe com Costa enquanto a dívida pública atinge um novo máximo histórico que nem Centeno salva.
Ferro Rodrigues e Marcelo fizeram o pandã, entre uma sátira à la Nelo e Idália ou os velhos dos Marretas, o Bucha e o Estica, o que se lembra e o que alguém se esqueceu de esquecer.
No meio da ‘Alegre Casinha’, destes brandos costumes populixados, só faltou mesmo alguém se chegar e perguntar um ‘Ça va, Celinho?’ em mote Macron com o seu “Ça va, Manu?”.
É que o à vontade não é à vontadinha, e ao contrário de Emmanuel Macron que colocou um seu interlocutor juvenil no lugar ao lhe responder “A mim chamas-me senhor presidente da República ou senhor. Estás numa cerimónia oficial e, por isso, comportas-te como deve ser. Podes comportar-te como imbecil mas hoje é dia de cantar A Marselhesa e O Canto dos Partisans (hino da resistência francesa durante a ocupação alemã)”, Celinho e os seus deixar-se-iam agraciar por qualquer apodo que os faça chegar ‘mais perto do céu’… eleitoral.
Ça va? Mal!
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