Em Fevereiro de 2015 escrevi a crónica ‘¿Podemos ser amigos?’, num balanço do momento vivido então sobre Portugal e o seu mundo.
Mas o mundo de Portugal de então fez-se a Globalização que as Descobertas o foram séculos antes.
Tudo agora reside em ser amigo de alguém, na cunha da proximidade, no caracter que define a ética Republicana como vergonha e não distanciamento.
E afinal quem é amigo de quem? Ou ‘¿todavia amigos?’
Farei o exercício passado e pela Venezuela começo.
Há fome, convulsão e guerra civil, pontuadas por intervalos televisivos em que Maduro logra comer o que o seu povo não tem sequer acesso a ter.
A reeleição d‘el Presidente’ num Estado Democrático em que a Ditadura se faz presente, nem se questiona. Questiona-se a amizade de quem sustenta o delírio de político instalado.
Sócrates transformou-se num não assunto político, apesar das ligações por ele deixado demonstram bem a amplitude da amizade existente.
Mário Lino e Manuel Pinho, a dupla ‘Pino Lino’, são agora arguidos em casos onde a corrupção, o rumo à intervenção no Banco Espírito Santos e a suspeita de branqueamento de capitais são enfoque de um País que em 2011 foi à falência.
Sobre os computadores Magalhães, seja na Venezuela ou por aqui, apenas a longínqua memória de um rotundo falhanço.
Mas há memórias que não falham sobre as amizades politicas que se mantêm.
Pablo Iglésias mantem a linha dura sobre o pensamento político em relação ao Socialismo séc XXI, ainda que as manhas articuladas do consumismo à la gauche caviar o tenham exposto à verdade sobre quem vive do ‘faz o que digo, não faças o que eu faço’.
Um chalé de 600 mil euros para o líder do podemos e a sua namorada, Irene Montera, grávida e os seus três cães é algo que vai em contra aquilo que ele anos antes criticou.
¿Entregarías la política económica del país a quien se gasta 600.000€ en un ático de lujo?
Parece que sim. Os seus discípulos vão a votos, aguardamos o desfecho de uma narrativa que se conta por si só.
Só que a inércia da amizade que parece servir como justificação do gasto alheio, ou nessa senda que justifica o Socialismo das Esquerdas Populistas, perde-se quando vemos o abandono ideológico – direi mesmo trespasse – dado ao Syriza.
Quem é Alexis Tsipras? Os Deuses do Eurogrupo passado caíram-lhe em cima sobre a forma daquilo que o agora novo amigo português de pronto se tornou.
Veja-se o pino ponte que Mário Centeno deu, dá e dará, ao se tornar em Ministro das Finanças Europeu. Por cá tudo bem, lá fora sinais do fumo que aqui arde.
Mas há o Primeiro Ministro estratega e negociador Costa, amigo de Sócrates ainda que não das suas circunstâncias, um amigo de Pedro Siza Vieira e cuja amizade expõe o modus operandi que o Partido Socialista congrega nessa memória espúria de um Portugal feito refém de negociações de conveniência.
É que se não estamos à Esquerda do ‘ainda somos amigos’, garantidamente ficamos na lembrança dos amigos que tudo nos dão, porque de 2015 para cá as amizades permanecem as mesmas.