O conceito de medida é aquele que uma regra determina.
Se na regra existe proporção, a sua equiparação será aquilo a que se chama Justiça. Ou em Conceito Democrático; Lei.
“A lei é dura, porém é a lei”, regra de medição clássica sobre o que a Justiça aplica.
Mais, no princípio Constitucional desse conceito Democrático, o ónus da prova recai em quem acusa e não em quem é acusado.
Mas conceitos são conceitos, e a Lei nem sempre é tão dura como se supõe ser.

Nos últimos dias todos falam incessantemente na Operação Lex, palavra que joga justo com a questão da lei, corrupção que nela existe, e suas teias num submundo futebolístico onde o valor do dinheiro parece não chocar os mais fervorosos fãs de apetecível inconsciência ou desconhecimento.
A Sociedade do ‘Pão e Circo’ está de volta – ou nunca deixou de o ser – para nos trazer essa verdade desportiva que anos antes escrevi; “Já não é a emoção do jogo que vende, é o merchandise em torno dele que gera burburinho e comoção a ser ordenhado.”
Emocionamo-nos com tanto merchandise que nem ligamos ao facto e à prova. Ficamos pela rama.

Não escrevo que Luís Felipe Viera não tenha traficado influências, ou que Rui Rangel seja a ponta de um iceberg dentro do Ministério Público, mas aquilo que se estranha e não entranha é ver acusações serem formuladas em praça pública para depois se apurar.
Caso notório, envolvendo envolvidos, a culpa que se gerou em torno de Mário Centeno e dois bilhetes para um jogo do Benfica.

Não foi sem causa ou consequência que terminei o texto a esse tema dedicado com “É manha. Pela manhã.”
É que até ali, à especulação de ver um pateta – que se crê ministro quando apenas o está – a pedir bilhetes para o filho adolescente, ganhava mais a especulação da culpa que o sentido de responsabilidade até que o Correio da Manhã disse tratar-se de uma cunha.
Lá está, foi manha. Pela manhã.

LEX

Desse merchandise jornaleiro vendido em massa um Ministério Público surge investigativo, gabinete do Ministro a dentro, busca de emails, conspiração montada.
Centeno, o pateta, seria culpado de uma vendeta jurídica montada onde o juízo transitado em julgado apenas existe na manha que a nós nos é vendida diariamente.
Um país que vive de fugas de informação que servem para montar enredos onde nem estórias existem.

Claro que agora parece se viver uma evidência de vitimismo, um #metoo por parte dos falsamente acusados que buscam nas fugas selectivas o seu escape para não serem os criminosos que são. Um Ministério Público atolado de mãos conspurcadas em pareceres comprados e cunhas metidas onde a Lei se faz mole como em tempos de Ditadura.

Mas não é esse o nosso novo tempo? Da próxima vítima, a que se espera cair no esquecimento da próxima que se seguirá?

Não é mais dura Lex, sed Lex. O conceito é outro, vivemos o amargo sabor da ressaca de sermos a herança dos Gordon Gekko’s da vida.
Dessa ganância ser boa que aqui nos trouxe.
A ficção passada é a realidade actual. “A ganância, por falta de uma palavra melhor, é boa. A ganância é certa, a ganância funciona. A ganância esclarece, corta e capta a essência do espírito evolutivo. Ganância, em todas as suas formas; ganância por toda a vida, por dinheiro, por amor, o conhecimento que marcou o aumento ascendente da humanidade.”

As penas agora medem-se sob a medida da regra que o sensacionalismo momentâneo impõe.
És culpado antes que a Lei o determine.
Antes mesmo que as medidas de coação se ditem.

Não ilibo ninguém, nem assim – por determinismo – culpo. Mas acredito que ninguém está acima da lei, ou abaixo da mesma.
Tudo o resto é manha que nos persegue.

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