Na política há uma regra implícita sobre a qual se age para não ser coagido.
O passado no passado está, esquecido focará.
Abrir essa caixa de Pandora é dar aso à contradição mortal que destrói as mais alvas reputações.
Prometo, não vou escrever – como parece hoje não existir outro tema – sobre Trump; mas antes do PSD de Passos, da traição interna e de como a bem oleada Geringonça nos trouxe a essa guerra político partidária entre Rui Rio e Santana Lopes, como se intitula a crônica, dois lacraus num mesmo balaio.
Nunca o escondi, e desde cedo nas crónicas surgiu, Pedro Passos coelho foi o mal necessário que Portugal precisou quando Sócrates e a sua mitomania deixou o país à deriva.
(achar o contrário é ser crente na especulação financeira da Bitcoin ou das novas cripto moedas que surgem em tom de bolha a lembrar 2008)
Mais, escrevi que Passos nunca deixou Massamá nem de corpo nem de espírito, nessa alusão clara de que a sua pequena dimensão mundana assim estipulam o duro golpe que Costa e a sua esperteza saloia lograram na vitória Social Democrata Popular em 2015.
E é aqui que se chega, um Primeiro Ministro exilado na sua vitória tornada derrota, feito oposição refém de um passado mentiroso que a Esquerda Unida faz verdade para convencer um eleitorado cansado da designada austeridade. Coelho no saco, sem Portas de defesa, rumos sem estratégia estagnação em busca de Messias.
Os candidatos são dois, numa lavagem de roupa política, em sujidade passada sem presente para futuro.
Foram os desafios para debates infindáveis, lutas egotísticas sobre a posse da pose, o dom da fama, a propriedade da palavra, o recorte de jornal, os processos de intenção.
Rui Rio é tudo o que o centrismo do Império à deriva não é. É o terreno agreste dos filhos doutores dessa geração educada pela primeira vez e que usa e abusa do facto.
A vitória é a consumação da união, seja ela com o inimigo ou não, traição nítida, entre o que de mais espúrio exista para sobreviver mais um dia nesse orgulho de poder alçar ao peito, eu sou o Presidente da Câmara do Porto do Pê Êse Dê.
Santana é Lopes, carisma e caracter, um deles duvidoso, sangue político e sobrevivência garantida pelas trapalhadas que o eternizam na memória comum.
A ambição já não é retórica senão afirmação, já que de derrotado Primeiro Ministro almeja derrotar este que na licitude do ilícito, derrotou o seu partido, o PPD/PSD.
RTP, SIC, TVI.
Dois debates, duas entrevistas.
Dois candidatos, um mesmo partido.
Tanto Rio como Santana revelam ser esses escorpiões políticos no abismo da atracção.
Se um sobrevive para viver, o outro vive para sobreviver, picada em riste.
Santana pica sem morder, Rio morde para ferir de morte. Costa aproveita-se e a confusão lança-se com uma Procuradora Geral da República de saída, maculada por coordenar a equipa das adopções da IURD na década de ’90. Deve repetir o mandato de sucesso ou sair na humilhação que parece surgir?
Ferroadas dadas dentro de um balaio, cesta pequena que parece andar à deriva num partido onde o Imperialismo da Capital suga mais atenção que a relevância do Portugal rural.
Mas dois lacraus vivem num mesmo balaio.
Sempre se deu o debate final. Antena 1, TSF.
Câmaras ocultas, vozes em clareza com perguntas de pertinência aguçada e lapsos analíticos dignos de divã.
Santana dom da retórica eleitoral, Rui eleitoralista outsider. Um fala de dentro do partido, o outro destaca-se como de fora, a falta de pertença mortal. Ainda assim, de futuro pouco além daquele que traz sorrisos unidos nos próximos anos.
Viver no passado é lama na qual se emperra e não se sai. É terra morta onde o saboroso não se repercute para alçar a verdadeira preocupação a ser resolvida.
E na verdade parece não interessar.
(ou quem sabe sim)
Afinal quem é o eleitor Social Democrata?, aquele que prefere unir-se ao partido Socialista de António Costa, ou um que a, fazer-lhe frente restitui a ordem que a Democracia Portuguesa tinha?
Claramente qualquer um dos vencedores é uma transição óbvia. Um deles tem a capacidade de ser o mal necessário.
O outro será a fusão que aniquilará o Eixo Central da estabilidade Democrática.
Vença o carisma, mesmo que sem caracter.
(esse ninguém tem)