Foi um ano estafado, trocadilho fácil, quase que acabado, mas sem que as verdades se assimilassem e à tona viessem.
Na nossa política a última crónica deixa claro. As outras 140 antes também.
Ressalvo que 16 delas foram escritas por profissionais que a mim se uniram num acto sincero para descrever, em cortantes farpas, essa Sociedade fibrosa, espinhosa, telúrica, densa e complexa que nos define como organismo em lenta mutação.
O meu enorme agradecimento a quem comigo partilhou este espaço.
Para o ano mais.
Mas este ano foi também o ano que tudo se definiu. #metoo e assédio sexual são a razão que sustenta até o insustentável.
Fados de vidas enfadadas.
Real News? Fake News! #MAGA
No final há que sorrir, ainda que por vezes não.
Brindar por mais, não seja a cronologia uma linha recta tão sinuosa como invariável, e dizer que tudo é afinal fado – não seja isto Portugal.
E por ser fado há que fazer do Fado algo a brindar e entender.
O destino disto nos traz, sentido e destemido, com o álcool da vida vivida, noites inusitadas que nos afastam do pop turístico e aqui me faz chegar.
O fado se define como a vida estafada, trocadilho acabado, desta minha geração que se entrega a um país que para ela não olha.
Vivemos de facto acima das nossas possibilidades, nesse proselitismo em sermos algo que não somos, afastando de nós o que não fomos.
O fado não é a tristeza de viver. É viver triste por não ter vivido e disso reclamar.
Orgulho-me de fazer parte da geração rasca feita geração perdida, agora reencontrada, a salvar um país da miséria política que nos saqueou.
Eu, como a Salomé, fadista potente de um antanho feito futuro de tradição presente.
Orgulho.
Fado.