Os antecedentes confirmam regras que os actos diluem em esquecimento.
Portugal nunca foi o País da boa memória, ou a sê-lo fica pelos chãos salgados que fazem lembrar os amaldiçoados e nunca a absolvição póstuma de crimes inexistentes.
Já os que existem parecem passar incólumes.
Ontem, hoje e amanhã foi título que usei para iniciar um texto que aqui a adenso. Acto de facto que um Presidente lançou numa farpa eleitoral para as autarquias e que se mal não me caiu, diria que a quem é Português, reclamaria trunfos e louros de maldição.
Diz Marcelo, esse comentador Presidencial, que “Quem não vai às urnas não tem legitimidade para, mais tarde, se queixar da escolha que é feita pelos outros”.
Se maior verdade perto da mentira existisse seriamos os campeões da hipocrisia.
Decide o eleito por todos que há cidadãos de 1ª e 2ª vertente, já que a legitimidade de quem paga impostos e cumpre a Constituição da República acaba por ser redundante, atirado às urtigas. Vivemos o perplexo momento abstencionista entre o Estádio e a urna, mas a verdade mais intrínseca demonstra-se nesta categorização Presidencial.
Marcelo vota em Celorico, “É natural que venha votar onde tenho raízes e onde estou recenseado e, portanto, não mudo pelo facto de ser Presidente da República”, é certo, mas como alavanca Duarte Marques no seu artigo de opinião, este facto de uma larga maioria ser como o venerável faz aumentar a abstenção.
Veja-se como “é recorrente ver o orgulho com que muitos “filhos da terra” regressam ao berço para votar nos domingos eleitorais.” (ironia)
Mas o intrínseco problema de legitimidade recai de forma mais profunda num país que uma Geringonça faz por quebrar em tabus que na verdade são endógenos.
Não o digo porque o Partido Socialista venceu uma nova maioria, desta feita sem entrar nesse conluio dos derrotados unidos para vencer, mas antes por se assistirem a dois tristes espetáculos que entraram numa neo narrativa política sobre esta contemporaneidade a que António Costa permite; a sede da vingança demente acompanhada pela vitória daqueles que numa Democracia não teriam condições para regressar à vida Pública.
Parece chover no molhado, mas a vitória de Isaltino define mais esse brando costume Lusitano que outra qualquer vitória ontem.
Ter um condenado por evasão fiscal regressado à cadeira do poder que o permitiu ser o corrupto que foi (é?) é o mesmo que dizermos ter uma Mulher-a-dias que nos rouba, mas porque até limpa bem a casa e é eficiente, siga pra nós a trabalhar.
Estapafúrdio no mínimo, realista e confrontacional na justificação dessa cunha que a todos corrompe (ou querem que corrompa) em pé de igualdade.
Mas o pior sinal, e um que até já vem de outros tempo, tal qual esse animal selvagem que agora encontra ecos para ser julgado e poder regressar limpo a um posto de comando, é ver essa vendetta articulada tal fel sobre os derrotados.
Não se celebra a vitória, celebra-se a derrota dos perdedores em tom jocoso e maldizente.
O discurso de Rui Moreira no Porto foi de uma maldade que apenas me recorda Carlos César, essa suma figura do carreirismo político. Todos animais de uma feroz política onde a justificação de aos outros trair é mais forte que em si mesmo ter algum tipo de qualidade.
E assim anda o país, rumo à cooptação que destruiu o Brasil, esse Império tão bem adestrado por esta Pátria de invejosos.
Uma legitima ilegitimidade dada por antecedente de permissividade.
Já apresentei um desafio: apresente-me um país que tenha adotado a covarde política neoliberal, que defende o tal Estado Minimo, que tenha oferecido à população um mínimo de Justiça Social e de reforma para redução das desigualdades.
NÃO EXISTE!!
gustavohorta.wordpress.com
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