Renato é Duque. Um foco sobre o palco de país que é nosso Pai, nossa Mãe. Terra que se regenera sobre ela mesma.
Sobre esse brilho de uma voz que faz alusão de negação e brilha tão falsamente como canção de um murmúrio passado.
[relato de conversa]
Eu quero lhe falar meu grande Chefe, Nine
Das coisas que aprendi nas delações
Quero lhe contar como eu vivi
E tudo o que aconteceu comigo
Viver é melhor que sonhar
E eu sei que o dinheiro é uma coisa boa
Mas também sei
Que a prisão é menor do que a vida
De qualquer pessoa
Por isso cuidado meu (esse movimento com a mão)
Há perigo na esquina
Eles venceram e o sinal
Está fechado pra nós
Que somos corruptos…
Para abraçar seu doleiro
E beijar sua comparsa, na rua
É que se fez o seu percentual,
O seu caixa dois e a sua propina…
[ Nessa acção penal: 505.49.32.38; Depoimento do Senhor Renato de Souza Duque ]
Você me pergunta pela minha evasão
Digo que estou renovado como uma nova invenção
Eu vou ficar nesta cidade não vou voltar pra Curitiba
Pois vejo vir vindo no vento rumo à pindaiba
Eu sei de tudo na ferida viva do meu coração…
Já faz tempo eu vi você na rua
Cabelo ao vento, gente jovem reunida
Na parede da memória esta lembrança
É o quadro que dói mais…
Minha dor é perceber
Que apesar de termos feito tudo o que fizemos
Ainda somos os mesmos e vivemos
Ainda somos os mesmos e vivemos
Como os nossos pais…
Nossos ídolos ainda são os mesmos
E as aparências não enganam não
Você diz que depois deles não apareceu mais ninguém
Você pode até dizer que eu tô por fora
Ou então que eu tô inventando…
Mas é ele Lula que ama o passado e que não vê
É ele que ama o passado e que não vê
Que você, Moro, sempre vem…
Hoje eu sei que quem me deu a ideia
De uma nova consciência e juventude
Me olha e julga, guardado por Deus
Contando vil metal…
[ Gostaria de enfatizar meu interesse de assinar uma repatriação para que esse dinheiro venha e volte aí pra quem de direito ]
Minha dor é perceber que apesar de termos
Feito tudo, tudo, tudo, tudo o que fizemos
Ele ainda é o mesmo e vive
Ainda é o mesmo e vive
Ainda é o mesmo e vive
Como nosso país não pode mais…
Nota:
Homenagem póstuma a António Carlos Gomes Belchior e à sua música que retratou a carreira de Elis Regina no musical Falso Brilhante, aqui adaptada como contra-resposta ao estado actual que o Brasil da Lava Jato atravessa, revisto na confissão de Renato Duque a Sérgio Moro.
Um País feita dessa herança dos nossos Pais, do mito feito realidade, de um crime que parece se escapar e que a cada dia se aproxima mais daquele que, justamente, foi apelidado de Comandante Máximo do Petrolão.