Um morto e dois feridos.
Dois mil, novecentos e setenta e sete.

“Uma única morte é uma tragédia, um milhão de mortes é uma estatística.”

Se Joseph Stalin disse essa frase, a questão numérica parece entrar em uso, já que a dimensão faz-nos entrar nesse precedência do esquecimento sobre a importância numérica.
Se a primeira referência é o ataque de ontem em Paris, vitimando apenas uma pessoa, tendo sido abatido o atacante, o segundo tratou-se do 11 de Setembro, um verdadeiro ataque terrorista. E porque menciono a veracidade em ser um ataque terrorista? Porque a dimensão de um número, como o cariz do ataque – assim como a forma como se está a processar a aceitação dos factos (chamaremos alternativos) – diz-me que aquilo que se passou em Paris apenas se tratou de um lunático a mando político de alguém para, num precedente, gerar confusão política num país à beira de eleições.

Front National.jpg

Eu sou de uma geração em que na Europa, sobretudo na Peninsula Ibérica, a noção de terrorismo – aqui na vizinha Espanha com a ETA, no Reino Unido com o IRA – era algo que existia e fazia parte de uma convivência onde o medo não se fazia de premeio a estatística de eleição. De facto, segundo os números, a segurança nunca foi tão reforçada e a sua esporadicidade tão baixa.

Por tal, chega deste precedente. Chega desta aceitação reivindicativa por parte de quem se diz ter feito os ataques.

A premissa do medo apenas serve à pauta daqueles que escolhem nele acreditar. Ainda recentemente escrevi sobre o medo e em como ele apenas serve a inveja monetária que em nós existe.
Agora, mais que nunca, e pelo oportunismo latente nesta noção de que o DAESH se esconde atrás de cada um destes ataques que assombram uma Europa amedrontada na emigração que aceitamos por sermos o farol de Esperança que sempre fomos, permitimos que o populismo do extremismo se enraíze no pensamento como método para desmembrar algo que, a não existir, se faça presente na mente de pessoas que, enquanto indivíduos pensantes, façam parte de uma massa amorfa que prefere a exclusão isolacionista que a integração globalizante de um Mundo maior.

Os Estados Unidos, o sonho da fuga da última Grande Guerra sucumbiu, deverá França fazê-lo também?
E enquanto isto temos Le Pen’s e Putin’s unidos, juntos a Trump’s e Assad’s, todos  numa conjetura de mundo onde a voz dessa Liberté, Egalité, Fraternité nada mais são que uma frase feita num imane que grita ‘mort’ como um Robespierre traidor.

Não cedam ao medo. Precedam-no e sejam Europeus.

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