Parece que o Tribunal Constitucional obrigou António Domingues a tornar pública a sua declaração de rendimentos que Centeno, a mando do seu Primeiro Ministro, lhe havia prometido ser a condição de excepção para ocupar um cargo que nunca chegou a ser seu.
Alvíssaras que a sua função foi cumprida com zelo inestimável. Não só a CDG será recapitalizada como Centeno, no desmando de achar que manda, terá também que mostrar as suas famosas SMS por não se tratarem de trocas pessoais mas sim de mensagens a serviço de cargo público.

Mas a meio de uma futura queda Ministerial, a pedido do Ministro já que o seu superior já lhe garantiu confiança, surge agora a nova coqueluche de protesto fictício que serve para a pantomina do escárnio político num hemiciclo vazio de ideais que avancem Portugal rumo a algo melhor que ‘isto’.

Surge requentada a notícia de que o ‘Fisco deixou sair 10,000 milhões de euros para offshores sem vigiar as transferências’.
Não fosse propício o momento para desviar a atenção do tema Centeno/Domingues SMS/Caixa, qualquer um lhe passaria despercebido que a manchete publicada a 20 de Fevereiro de 2017 pelo Jornal Público já havia sido publicada um ano antes a 28 de Abril de 2016 com o sugestivo título ‘Em cinco anos saíram de Portugal mais de 10 mil milhões para offshores’.
Estranho será até que o jornalista por trás de ambas é o mesmo Pedro Crisóstomo.

Não engendro por teorias da conspiração, apesar de gostar delas, mas vejo com interesse a forma como ambas as notícias nos são apresentadas.

Se em Abril de 2016 o Público já sabia que estavam em falta os ditos dez mil milhões, título do texto, como pode ser que na notícia actual se escreva “os valores publicados nessa altura não coincidem com os números que entretanto, oito meses depois, foram actualizados.”

O facto é que os números coincidem bastante bem, e os ditos dez mil milhões que foram transferidos são mencionados em 2016: 10.221.802.264€, dos quais 9500 milhões por empresas, enquanto os restantes 675,5 milhões transferidos por pessoas singulares. É verdade que a notícia actual fala em 16.964 milhões de euros, uma diferença superior a 9800 milhões, mas a única discrepância existente é a forma manipulada como se apresentam datas.
Em 2016 contabilizam-se as transferências de 2010 a 2014, enquanto agora são misturadas as datas entre 2011 a 2014 e 2015 (presente no quadro).

Centeno.jpg

E aqui está o dado manipulador da questão.
Certo que é leviana a acusação que Louçã e Catarina Martins fazem sobre ‘impostos perdidos’ sendo que Núncio foi um dos maiores crápulas do esbulho fiscal que Portugal teve na sua História recente, mas achar mesmo que “O Governo anterior deixou sair pela porta do cavalo 10 mil milhões de euros…” é ser completamente ignorante.
Não só a maior parte do dinheiro transferido o foi legalmente – Portugal, até prova em contrário, vive numa União de livre circulação monetária -, como se impostos hajam a cobrar, o período efectivo de cobrança dos mesmos foi alterado em 2012 para 12 anos ao invés de 4, abrangendo mais que uma mera legislatura.

Comprovado isto e olhando o quadro que a notícia actual mostra explica-nos afinal quais são as ditas transferências que tanto se falam.

offshores transferências.jpg

Concentradas no período entre 2014 e 2015, período pós Troika, pré Geringonça, aquando da aparatosa queda do BES/GES, a saída de capitais prende-se com a queda do Governo que venceu as eleições e com o avisos que as propostas para a década Socialista de Centeno avisavam: tributação das heranças (transmissões por morte) a partir de 1 milhão de euros.

Portugal é um país de Conservadores tesos construído sobre a senda de heranças patrimoniais milionárias. Taxar o seu lucro ou resultado do mesmo seria o fim da Sociedade que a Esquerda despreza mas gosta de imitar. Nesse instante, todos os que ainda detinham algo que a queda dos Espírito Santo não havia levado, trataram de o resguardar.

Em simultâneo uns esganam-se para que se perca a vergonha de ir buscar, enquanto outros sabem que em Portugal nunca houve vergonha em poupar. Brandos costumes, largas tradições…
É que nunca se sabe quando se é apanhado a mentir por escrito ou se tem a capacidade de assumir a responsabilidade política por tal… (diferença abissal)

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