Começo por repetir aquilo que já disse em off nas redes sociais:
O estado de saúde de alguém, independente da sua coloração política ou ideologia partidária, não encontram ecos jocosos em mim.
Dito isto, faço a apologia do respeito pelo Ser Humano, seja ele quem for, face à saúde/doença, nunca lhe desejando o mal. Pelo contrário, desejo sempre a longa e próspera vida.
Assim, piadas ou graças sobre o estado de Mário Soares não cairão bem em qualquer publicação que faça sobre o tema. Esta incluída.
Assim exposto, fica claro o motivo deste texto.
Há que lembrar à romaria enfileirada que à Cruz Vermelha se dirige que Mário Soares está vivo.
As entrevistas em sinal de expiação pessoal dos pecados passados apenas rotulam quem uma carapuça enfia.
O in memoriam não deve, certamente, estar longe, mas a hipocrisia poderia ficar guardada para maior respeito.
Imagino que as figuras de uma política Nacional queiram redimir as agruras fidalgais (quiçá figadais) que urgiram por Soares numa outra qualquer época, mas ir a uma suposta extrema-unção em apanágio de redenção do defunto que vive, mostra o quanto a culpa vive no coração daqueles que vivos estão, mas a sete palmos de cobardia se apresentam.
Não quero dizer que com isto não se devam sanar feridas ou que as inimizades políticas não sejam isso mesmo, um ardil fantasmagórico na crença de uma suposta salvação pelo bem maior da Nação. Mas aqui entra a causa e consequência deplorável da cobertura televisionada da morte dos famosos. A salsa rosa que faz os telejornais que temos. Monoblocos de visitas beija-mão a Soares numa cordial despedida quando o seu prognóstico adianta reserva e inconsciência cerebral.
O que vale é que nos dias que passam tudo vale.
Ou sempre assim o foi e o consciente colectivo agora o relativiza sem precedentes.
Que o seja, pois a memória não há de faltar.
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