Há textos e textos. Este é um daqueles textos.
Muito me perguntam porque escrevo sobre a Esquerda política, dedicando – no que concerne ao panorama Português – tão pouco tempo de escrita à Direita? A resposta é simples e já antes a dei, de forma infantil – eterna – e graciosa, que a Esquerda me providência com tanto material que a Direita política acaba por ficar esquecida e sem a sua merecida crítica.
Ainda assim, e já que o nome assim o diz, a farpa calha quando é merecida à oposição vigente.
Passando o prelúdio, e porque o título anuncia a razão de ser, abro a porta a Portas.
Já antes tracei o seu passado político, mas nunca, passado a sua saída efectiva da política, lhe lancei a crítica efectiva.
Paulo Portas, o eterno político, estadista a tempo inteiro, sabe manejar o atentado à vida privada que lhe fazem caso.
O reverso é que não se tem provado sinônimo de frase ambígua.
Um ex político que ocupou cargo de suma importância deveria manter afastadas de si posições cujo teor corporativo possam, e vão, entrar em confronto directo com o passado recente.
Evidente que Portas sabe os fios com os quais se cose, mas a má intenção projectada pela imprensa – ou a coincidência espacio temporal de candidaturas políticas com negócios petrolíferos – fazem-se noção presente perante um público crítico.
Pior, servem-lhe de alvo para invenções deturpadas sobre encontros parlamentares nunca ocorridos, desmentidos em pé-de-página nunca lidos.
Depois houve Angola.
Teve até rumores de alianças políticas partidárias entre eixos que não se cruzam ou verdades que não coincidem. Obrigações de um líder que já não o é.
Como se o interesse pessoal de alguém que serviu a causa pública – sempre – em causa de outrem, fosse agora recolher o benefício pela Pátria alheia. Que esse tema seja irrevogável.
Mas há temas cuja a revogabilidade já devia ser praxe pelo luto ocorrido e pela satisfação mórbida que muitos nunca terão achando que têm.
Se a porta dos submarinos parece encontrar ecos de uma escotilha que se fecha – já que o processo em tribunal foi, devidamente, arquivado – a porta do armário de Portas segue nesse mistério que perdura.
Se muitos têm a certeza da sua orientação, muitos se orientam por defender a contrária.
Entre muitos que sabem que – por circunstâncias da vida – conheço o político, darei a resposta que me parece mais assertiva mediante uma porta que se escancara.
A vida intima de cada qual é uma porta que se fecha perante a privacidade que se exibe.
A Paulo a discrição de quem se permite manter, sem prejuízo de retóricas acessórias, o petit nom pelo qual os anos de especulação o gracejaram em praça pública.
Haja ousadia e convicção.Respeito a quem o merece, pois não será o preconceito que define o Homem, antes as suas opções.
Agora, estará Portas a abrir as melhores portas profissionais para uma vida que, seguramente, voltará à política a breve trecho? Não, por nada.
Ele corre o grande risco de que as portas políticas se lhes fechem de forma inusitada, e outros periscópios surjam num mar chão sem que disso tome nota.
O resto? Pura especulação de quem, ao não se ter orientado, nunca teve orientação definida.
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