“Pelo Bidonville, pelas porteiras, pelos emigrantes, por um País onde o Patriotismo não tem cor de empurra-culpas político: Viva Portugal!
205 anos depois, expulsamos nova invasão francesa!”

Assim celebrei a vitória Portuguesa no Europeu de Futebol. Eu que nada sou dado a ‘futebóis’ ou similares, mas comemorei pelo simbolismo que esta neo-nova-noção de patriotismo toma nesta viragem política que Portugal tomou.
Os últimos 40 anos de democracia o Patriotismo Português assumia-se nesse centrão Nacionalista onde a Direita se congeminava para reinar com o Socialismo que assinava o prelúdio da Constituição assinada com a Esquerda Comunista. Era esse o rumo traçado, era por isso que o Centro Direita marcava a sua ausência na sua primeira edição em 1976.
Passados estes anos todos tudo parece ter mudado e um muro ter sido derrubado. António Costa, Primeiro Ministro, dix it.
Só que se a não ser verdade, é mentira. E uma mentira bastante criativa.

O campo no estádio de Saint Denis está bastante povoado de traças e o rumo não parecia bem traçado para a Selecção Nacional. Cristiano Ronaldo sofre uma placagem (à falta de melhor termo no meu desconhecimento desportivo) e na coxa dianteira esquerda leva de flanco um empurrão que o afasta da sua equipa. Portugal vê-se sem capitão face à selecção Francesa.
Depois de 1811 quem iria afastar esta nova (a 4ª) Invasão Francesa?
Quem diria, numa Europa onde o extremismo xenófobo parece surgir sem par, em França, onde esse preconceito é cada vez mais acirrado – numa lógica que me surpreende dadas as suas raízes em África e América do Sul  – havia de ser Éder(zito), um Afro-Português, pele cor de chocolate, farta cabeleira e penteado invocativo do seu país natal, Guiné-Bissau, a marcar o golo que renderia a Portugal o título de vitoriosos no campeonato Europeu.
A Patriótica Nação Soberana entre as outras todas, sobretudo França.

França, esse refúgio em tempos conturbados. Esse país que, ao receber mal os Portugueses, mantem a maior comunidade Lusa fora de terras Nacionais.

Só que a questão que se constrói em torno deste misticismo, do Bidonville, das porteiras, dos emigrantes, é uma realidade que no tempo se cristalizou, transformou-se em memória, gerou raízes multiculturais e criou uma nova geração. Os Portugueses que em França – e fora de Portugal se encontram – defendem muito mais o Patriotismo que por Portugal se tem que aqueles que aqui vivem.

“Nação Valente e Imortal”? – Nação temente e imoral, digo eu face a tudo o que se passa no hemiciclo que representa o dito Patriotismo Português.
O último – e primeiro – Estado da Nação isso demonstrou e bem claro deixou.
Foi vergonhoso assistir ao comportamento entre parlamentares que nada fazem para defender a causa Republicana que define os princípios da Constituição Portuguesa.
Já não se discutem políticas, antes políticos. Atiram-se galhardetes para ver quem será o mais Patriótico e com valores mais Portugueses.

Perante o fado enfado que toda aquela encenação se tornou quase dá vontade de perguntar qual foi (é) a grande diferença entre a política Patriótica e de Esquerda do PCP e o Patriotismo de Salazar? Não defendem ambos a Pátria Mãe e o bem supremo dos seus cidadãos?
Não têm ambos os mesmos princípios que ando a referir num marasmo de repetição ad nauseum em causa da defesa Nacional: Fátima, Futebol, Família?
Ou a Laicidade não compreende em si os valores que nos tornam Europeus, pertencentes a algo maior, meritórios de receber durante anos ajuda externa e depois, quando nos dizem ter que cumprir tratados previamente assinados, com o conhecimento e consentimento político da maioria eleita à época, rezar a algum Deus para que nos salve de uma sanção que é por culpa do pecado alheio.

Patriotismo? Patriotismo não é só quando a selecção joga.
É quando o País se une para combater a bancarrota que o desgoverno eleito por todos deixa.